07/11/2016
Jogador de 54 anos fez um eagle e cinco birdies, na melhor volta da vida, para surpreender favoritos
Antônio Padula, presidente da Federação Paulista de Golfe o Cônsul-Geral do Japão em São Paulo Takahiro Nakamae; o campeão Roberto Oya; e o presidente do PL Golf Club Shigeo Hayashi.
por Ricardo Fonseca | fotos Thais Pastor
Em 25 anos de golfe, o Roberto Oya nunca havia jogado abaixo do par fora do Pará, estado onde nasceu e mora até hoje, aos 54 anos. Mas isso mudou neste domingo, dia 6 de novembro, quando o agora presidente do Amazon Country Club, de Belém, fez um eagle e cinco birdies para jogar 71, uma abaixo do par do PL Golf Club, a melhor volta de todo o torneio e vencer de virada o 46º Campeonato Nikkey de Golfe do Brasil, que reuniu 154 dos melhores jogadores da colônia japonesa, representando seis estados – São Paulo, Paraná, Amazonas, Pará, Pernambuco e Bahia – além de jogadores convidados dos EUA e Japão.
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Oya chegou a estar três abaixo e com quatro de vantagem sobre Alex Yugo Hirai, do São Fernando, que defendia o título ganho no ano anterior. Mas a pressão o levou a fazer bogeys consecutivos nos buracos 16 e 17, contra birdie de Alex, no 17, para chegar ao buraco final vencendo por apenas uma. Mas o par no buraco final, onde Alex bateu o drive para a banca da raia e não escapou de um bogey, ainda deu a Oya não só a melhor volta de sua carreira como ainda o título mais importante de sua vida.
Destaques – “Sempre venho para o Nikkey, onde devo ter jogado nos últimos vinte anos, pensando em terminar entre os cinco primeiros, mas nunca esperava vencer este ano”, diz Roberto Oya, que somou 152 (81-71) tacadas, para terminar duas à frente de Alex, o vice-campeão, com 154 (81-73) que fez a segunda melhor volta da semana. Francisco Ishihara, do PL, terminou em terceiro, com 159 (83-76), seguido por Shozo Karasawa, do Vista Verde, com 160 (80-80); Masato Hiramatsu, do PL, com 162 (78-84); Ricardo Nakatani, do São Fernando, com 164 (89-75); e por Mitiru Nagao, do Paradise, com 165 (78-87). Hiramatsu e Nagao haviam começado o dia empatados na liderança.
“Eu já tinha jogado 70, duas abaixo, no campo de Tomé Açu (PA), onde nasci, mas nunca sonhava em quebrar o par do campo no PL e ainda mais ser campeão”, comemora Oya, que havia sido vice-campeão geral em 2009, quando tinha handicap 3 (hoje é 7) e foi vice-campeão net no ano passado. “Além de estar jogando e treinando pouco, ainda fui para campo com ferros novos, com os quais nunca treinei”, conta Oya.
Cinco troféus – O título foi um só, mas Oya recebeu cinco troféus de uma só vez, incluindo o troféu geral do Nikkey, de posse transitória, e sua réplica, os ofertados pelo Consulado do Japão em São Paulo, representando pelo Cônsul-Geral Takahiro Nakamae; e pela Federação Paulista de Golfe, representada por seu presidente, Antônio Padula.
Apaixonado por golfe e presidindo o Amazon, um dos cinco campos de golfe do Pará, o objetivo de Oya agora é fazer o golfe de seu clube e de seu estado voltar a crescer. “Com os mais velhos parando e os mais jovens sem interesse pelo golfe, temos regredido no esporte no Pará”, lamenta Oya. “Para reverter isso quero isentar os juvenis até 18 anos de qualquer custo para jogar golfe no Amazon, e dar aos de 18 a 25 anos a oportunidade de jogar pagando uma taxa, sem necessidade e comprar título”, revela. “O Amazon tem hoje 110 sócios, mas apenas 60 golfistas, e poucos jovens e poucas mulheres” conta.
Mais campeões – Na categoria com até 12,6 de handicap índex o campeão por João Ziliotto, capitão do Arujá, com 141 tacadas, três abaixo do par. Wander Akihito Kobayashi, de Campinas, foi o vice com 144, seguido por Daigo Toshitake, do PL, com 146. Já na 12,7 a 21,3, o título foi para Laercio Suguimoto, do Lago Azul, com 135, seguido por Fred Nassel, do Clube de Campo, com 136; e por Yugo Mabe também do Clube de Campo, com 139.
Entre os seniores, Milton Nebuya, do Terras de São José, foi o campeão com 163 tacadas, e ganhou ainda o troféu ofertado pela Associação Brasileira de Golfe Sênior (ABGS). Ricardo Kobashi, do Arujá, foi o vice com 164. Na sênior com handicap índex até 12,9, Nagae Yoshiro, do PL , foi o campeão com 144, seguido por Toshiyuki Yashiro, do PL, com 145, e por Jodi Yamamoto, do PG, com 146.
Na sênior de 13 a 23,8 o campeão foi Kunio Ishihara, do PL, com 134, contra Yuki Hirotomi, do São Fernando, que somou 138, o mesmo total de Yasumi Takeda, do Alphaville, que ficou em terceiro nos critérios de desempate. Houve ainda a categoria única de superseniores onde Hideki Hirashima, do Arujá, foi o campeão com 132 tacadas, mesmo total de Yukio Hiramatsu, do PL, vice-campeão nos critérios de desempate. Shigenobu Ogawa, do PL, ficou em terceiro, com 134.
Feminino – No feminino, Carla Ziliotto, do Arujá, confirmou o favoritismo ao vencer mais uma vez o torneio, com 166 (85-81) mas teve que fazer birdies nos buracos finais para não ser surpreendida por Emília Akemi Miura, do Lago Azul, que fez a melhor volta feminina para ser a vice-campeã, com 168 (88-80). Na categoria feminina até 21,5, Patrícia Sakaguchi, do Arujá, venceu com 146, seguida por duas jogadoras do PL: Miki Kojima, com 146, e por Kimi Hirakawa, com 150.
No feminino sênior, Miki Nogami, de Campinas, venceu com 181, seguida por Lidia Sawada, do Arujá, com 182. No feminino sênior com handicap (até 26,5), Chieko Takita, do PL, foi campeã com 148, seguida por Sadako Kuramochi, do Guarapiranga, com 154, no desempate contra Helena Miyaguti, do São Fernando, que ficou em terceiro no desempate. Na categoria supersênior feminina, Hideko Bando, do PL, foi campeã com 156, no desempate com sua companheira de clube Toshiko Hiramatsu, vice-campeã com as mesmas 156 tacadas. Lucia Reiko Sumikawa, do PG, ficou em terceiro, com 157.
Premiações – Nas competições de bola mais perto da bandeira, Paulo Kokubo foi o melhor no buraco 2 do campo Glory; Shinji Terahara venceu no buraco 8 do Pansy, e Milton Nebuya no buraco 8 do Lily, nome dos três percursos de nove buracos cada que foram os 27 do PL. Houve ainda uma premiação especial para o golfista mais velho do torneio, a senhora Miyoko Higashi, de Bastos, de 89 anos; e para o mais jovem, o menino de 12 anos.
A Honda Automóveis, patrocinador Másters do Nikkey 2016, ofereceu um Honda Civic Geração 10 Touring para o primeiro jogador que fizesse um hole-in-one nos buracos 3 do Panzy e 4 do Glory e Lily, mas ninguém ganhou. O torneio teve ainda patrocínio da Kawasaki, Sompo Seguros, Yakulti e Takaharu Fukada, além de apoio do Jornal Nikkey, Embaixada do Japão, Consulado Geral do Japão em São Paulo, Bunkyo, PL Golf Club, Arujá Golf Club, Confederação Brasileira de Golfe, Federação Paulista de Golfe e Associação Brasileira de Golfe Sênior.
Personalidades – A mesa de premiação (foto abaixo) foi formada por Otávio Mizikami, diretor da Honda Automóveis do Brasil; Roberto Nishio vice-presidente da Associação Nikkey de Golfe do Brasil, que representou o presidente Muneki Tikasawa; o presidente do PL Golf Club Shigeo Hayashi; o Cônsul-Geral do Japão Takahiro Nakamae; o presidente da Federação Paulista de Golfe, Antônio Padula; Mario Numada, presidente do Arujá GC, que se reveza com o PL na organização do Nikkey; e o presidente do Nippon Country Club.
Nishio leu um discurso escrito por Tikasawa, que estava em casa recuperando-se de uma cirurgia, onde o presidente da Associação Nikkey, entre outros agradecimentos, fez uma bonita homenagem aos jornalistas Thais Pastor e Ricardo Fonseca, do Portal Brasileiro do Golfe, por seu incansável e dedicado apoio ao golfe Nikkey e ao golfe brasileiro. Já Nakamae destacou a coincidência de que a 50ª edição do Campeonato Nikkey de golfe, em 2020, será no mesmo ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio, onde o golfe será uma das maior atrações.
Após a entrega de prêmios, onde todos os que foram ao pódio ganharam presentes ofertados pelos patrocinadores, houve dezenas de sorteios de brindes diversos, incluindo eletrodomésticos, tacos de golfe e obras de arte. Também foi servido um jantar de comidas japonesas variadas e muito elogiado.
Associação Nikkey – Comandada por Muneki Tikasawa, desde 2010, a Associação Nikkey de Golfe do Brasil reúne mais de 3 mil japoneses e seus descendentes, que formam a maior e mais importante colônia do golfe brasileiro. Eles são particularmente importantes nas federações de São Paulo, Paraná e do Norte, tanto em número de jogadores, como no de clubes que comandam, muitos criados e mantidos pelas próprios nikkeis.
Nikkei é a denominação dada em língua japonesa (日系) para os descendentes de japoneses nascidos fora do Japão ou para japoneses que vivem regularmente no exterior. O termo reúne os isseis (imigrantes japoneses), os nisseis (filhos de japoneses), os sanseis (netos de japoneses) e os yonseis (bisnetos de japoneses). No Brasil, onde a colonização japonesa começou oficialmente em 1908, ainda não há as demais gerações: gosseis (trisanetos), rokusseis (tetranetos), e shichisseis (pentanetos).
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