18/07/2014
por: Ricardo Fonseca | fotos: Thais Pastor
Num dia em que apenas 3 dos 85 jogadores em campo conseguiram quebrar o par do campo do São Fernando Golf Club, em Cotia (SP), o carioca André Tourinho iniciou a defesa de seu título do Amador do Brasil, nesta quinta-feira, com uma impressionante volta de 66 tacadas, cinco abaixo do par. Tourinho tem agora três de vantagem sobre Luis Thiele, que jogou 69 (-2), e está quatro à frente de Luiz Jacintho, que marcou 70 (-1) e é o terceiro e último com números vermelhos no placar.
“Eu sempre fui muito ansioso, mas trabalhei forte para controlar a ansiedade e isso deu resultado positivo no meu jogo”, diz Tourinho, que errou muito pouco na volta de estreia, mesmo só tendo treinado uma volta completa no campo desde que chegou dos EUA, na quarta cedo. “Estava calmo, no controle de meu swing e isso me permitiu ser um pouco mais agressivo na segunda volta e eu tive sorte e competência para embocar”, conta o líder, que fez sete birdies e dois bogeys em sua volta.
Tendo como caddie Richard Conolly, que foi jogador scratch em quase toda a sua carreira e conhece o campo do São Fernando como poucos, Tourinho esteve perfeito nos tiros para as bandeiras, embocando três birdies com bola dadas, três de cerca de dois metros, a apenas um, no buraco inicial, de longe, uns 9 metros. “Eu e o Richard fizemos um plano muito bom de jogo para que eu me sentir o mais confortável possível e deu certo”, diz Tourinho. “Estava no controle do meu swing, colocando a bola em jogo e me dando as chances de embocar”, diz o líder.
Tourinho (na foto ao lado, com Conolly, subindo a raia do 18) jogou uma abaixo de ida com birdies no 1, 5 e 6, e bogeys no 7, um par cinco, onde errou o drive pela esquerda do dog leg, passou o green com a terceira e deu dois putts, e no 9, o green mais difícil do campo, ainda mais com velocidades de até 12 pés no stimpmeter. Na segunda volta foram mais quatro birdies, no 10, 11, 16, um par 3 de 240 jardas onde bateu ferro para dois metros da bandeira, e no 17, par cinco onde quase embocou para eagle na beira do green.
Perto de Tourinho, Thiele até fez uma volta conservadora mais eficiente, com três birdies e apenas um bogey, no 16, “um par 3,5”, como costuma brincar Jaime Gonzalez, o head-pro do clube. O 16 foi jogado de um novo tee atrás, do lado direito do bar de passagem, que mantém a distância mas tira boa parte da água de jogo em relação ao tee que fica à esquerda no bar e coloca todo o lago central do clube em jogo.
Luiz Jacintho (ao lado, no tee do 16), que também chegou dos EUA na quarta-feira e, como Tourinho, só teve tempo de fazer uma volta completa de treino, teve uma volta muito mais interessante, com um eagle, quatro birdies e cinco bogeys. Jacintho vinha empatado em segundo até o 18, onde errou o green elevado pela esquerda, teve que jogar de baixo do barranco com um tiro cego que o deixou na banca e ainda salvou um bom bogey.
Alessandro Fabietti, voltando a competir em torneios nacionais depois de um longo período, que incluiu uma rápida aventura como profissional, mostrou que ainda tem as qualidade que fizeram dele um dos melhores jogadores do Brasil ao jogar 71, o par do campo, com quatro birdies na volta, e empatar em quarto com o uruguaio Juan Alvarez, outro favorito ao título que também tee uma rápida e precipitada passagem pelo profissionalismo, mal saído do juvenil.
O juvenil gaúcho Herik Machado, número 2 do Brasil, jogou três acima de ida, recuperou-se com dois birdies seguidos na segunda metade do campo, mas devolveu uma tacada no 18, para jogar 73 (+2) e empatar em sexto, com o boliviano Kevin Muriel. Roberto Gomez, quatro vezes campeão brasileiro em quatro décadas diferentes, jogou o par de ida, com dois birdies, mas fez três bogeys nos nove finais para jogar 74 e empatar em oitavo com o argentino Horácio Carbonetti, um jogador de grande potencial, com o peruano Enrique Grau, que não fez birdies em sua volta, e com o jovem chileno Tomás Gana.
Dos dez primeiros colocados, cinco são brasileiros e cinco estrangeiros. Isso embolou a disputa da Taça Mario Gonzalez, competição internacional de duplas entre sete países sul-americanos, onde o Brasil lidera com 148 tacadas (+6), com as 66 de Tourinho e as 82 de Pedro Junqueira, campeão brasileiro juvenil, que abriu o dia com dois duplos bogeys e fez mais sete bogeys, numa volta sem birdies. O Uruguai vem em segundo, uma tacada atrás (149), seguido por Argentina (150) e Peru (151).
Entre as mulheres, a carioca Clara Teixeira (ao lado), uma das favoritas ao título, jogou 72, uma acima do par, com cinco birdies em sua volta, para liderar por quatro de vantagem. A boa surpresa do dia foi Lauren Grinberg, de apenas 14 anos, que jogou 76 para ficar em segundo, duas à frente de Luciana Fuchs, Andrea Arruda e Julia Shin. Lauren treina com Steve Bergner, durante muitos anos jogador e professor do São Fernando que entre outros feitos levou Karina Palmberg a ser campeão brasileiro juvenil e adulta no mesmo ano.
Karina, que se afastou do golfe depois desses títulos e tenta voltar agora, mas ainda fora de ritmo de jogo e competição, jogou 90 na estreia. Outras duas favoritas ao título não foram bem. Lúcia Guilger, a Barata, número 1 do Brasil, jogou 81 (+10) para empatar em oitavo, enquanto Nathalie Silva, campeã brasileira de 2012, jogava 82 (+11) para ficar em 10º.
Apesar do dia agradável de veranico em pleno inverno paulistano, com sol e calor e o reduzido número de jogadores, o jogo lento foi a praga do dia, com os líderes levando 5h15 minutos para completar 18 buracos. Nesta sexta, o tempo virou, com previsão de dia nublado e chuva forte no final de tarde. No final de semana, com a entrada de uma frente fria com massa de ar polar, a temperatura cairá bastante e não estão afastadas chuvas de moderadas a fortes.
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