Angela Park, quem diria, virou recepcionista em LA

28/06/2011


Golfista de US$ 2 milhões trabalha no Hotel Ramada, mas não descarta volta ao golfe


   Angela Park e Ricardo Fonseca, em festa no Rio: feliz com nova vida, mas sem descartar golfe
 Angela Park e Ricardo Fonseca, em festa no Rio: feliz com nova vida, mas sem descartar volta ao golfe

por: Ricardo Fonseca – Fotos: Zeca Resendes/Brasil 1

Depois de conseguir os melhores resultados do golfe brasileiro em apenas três anos de carreira, terminar três majors entre as cinco primeiras colocadas e acumular US$ 2 milhões em prêmios, a paranaense Angela Park, de 22 anos, não agüentou a pressão de uma vida totalmente dedicada aos treinos e às competições e abandonou tudo para tentar encontrar seu próprio rumo na vida. Disso, os brasileiros já sabiam, mas não imaginavam que enquanto decide o que fazer de seu futuro ela estaria trabalhando como recepcionista num hotel, aonde seu salário anual não chega ao que ganharia em um torneio do LPGA em que tivesse atuação mediana.

Angela deixou o Brasil aos oito anos para morar em Torrance, na Califórnia, onde o pai a preparou para ser uma campeã de golfe. Depois de mandar as competições às favas bem no meio da temporada de 2009, quando estava na Europa para dois dos três torneios mais bem pagos do ano, Ângela voltou à Califórnia, trocou Cypress, onde morava, por Los Angeles, e desapareceu em meio à multidão da segunda maior cidade dos Estados Unidos até reaparecer este ano como recepcionista do Hotel Ramada, no Bairro Coreano de Los Angeles, bem no centro de Wilshire Center, o distrito mais antigo de Los Angeles, centro de negócios a apenas 10 minutos de Beverly Hills, Hollywood, e dos estúdios da Universal.

Abandono – Desde que decidiu parar de jogar, Ângela ainda participou de alguns torneios para cumprir contratos, mas foi cortada de quase todos eles. Largou definitivamente as competições em 2010, depois de jogar apenas 11 torneios, perder seu cartão e se negar a recuperá-lo nas seletivas de final de ano. Deixou a carreira morrer por si só. Evitou a imprensa, amigos do golfe e mesmo alguns parentes mais próximos, tentando encontrar algo fora do esporte que a motivasse. Feliz com o novo emprego, ela até voltou a jogar golfe por diversão, o que não fazia há mais de uma década.

“Minhas amigas garantem que meu swing está igualzinho a quando eu estava jogando bem”, conta Angela, sem esconder um sorriso de satisfação e um ar de dúvida. “Não sei se é verdade”, diz. Mas o elogio das amigas e o prazer de jogar golfe, mesmo que por brincadeira, não bastou para motivá-la a voltar a competir. “Pode até ser que eu volte algum dia, mas hoje não é o que eu quero fazer”, descarta Ângela, que ao aparecer na televisão pela primeira vez toda vestida de dourado, a caminho do vice-campeonato no US Open de 2007, que a consagrou, ganhou de Johnny Miller, o comentarista mais ferino da TV americana, o apelido de “Golden Girl” e um elogio que ele não usou nem para os Tiger Woods da vida: ter o melhor swing do circuito mundial.

Profissão – Angela optou pela hotelaria ao se dar conta que não sabia fazer mais nada como profissão a não ser ofícios ligados ao golfe, o que ela descartou de antemão. E depois de rodar os Estados Unidos e o mundo, de hotel em hotel, ao menos sabia diferenciar o que é um bom serviço nesse ramo. A opção pelo Ramada, em plena Koreatown de LA, foi uma solução lógica para quem fala bem o coreano, um diferencial que lhe garantiu o emprego, mesmo sem experiência prévia.

A brasileira conversou abertamente sobre sua vida com a imprensa brasileira pela primeira vez, no final de maio, quando esteve no HSBC LPGA Brasil Cup, no Rio de Janeiro, a convite dos organizadores. Angela deu entrevistas para a assessoria de imprensa do torneio, para revistas e jornalistas conhecidos. Mas procurou circular com muita discrição no evento, uma vez que não se fica à vontade ao conversar em português com quem não conhece, sobretudo por causa de seu vocabulário limitado, de quem morou quase toda a vida fora de seu país natal.

Incentivo – Angela participou do jantar para as jogadoras que antecedeu a etapa do LPGA no Rio, onde reviu as amigas de circuito pela primeira vez em muitos meses e recebeu o apoio de todas por sua decisão de parar de jogar, assim como o incentivo para voltar quanto sentisse vontade. Foi até chamada no palco por Ênio Figueiredo, da Brasil 1, ao lado de Candy Hannemann, a maior dupla de jogadoras que o golfe feminino brasileiro jamais conheceu. Acompanhou os jogos como uma torcedora qualquer, reviu a mãe que ainda mora em São Paulo, onde é dona e uma confecção.

Aos 22 anos, como ela, Rory McIlroy venceu seu primeiro major e a taiwanesa Yani Tseng já acumula quatro títulos do Grand Slam, a mais jovem golfista homem ou mulher a conseguir isso no golfe moderno, na verdade desde que Young Tom Morris conquistou seu quarto British Open consecutivo, em 1872, aos 21 anos. Podia ser Angela, mas o golfe não lhe dava mais prazer. Agradeceu à promotora Brasil 1 pela oportunidade de visitar o Rio e voltou para LA dizendo que, pela primeira vez em muitos anos, se sente feliz.

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