03/04/2015
Foram necessárias duas voltas de treino, terça-feira e sexta-feira, em Augusta, para que
Tiger Woods anunciasse o fim do exílio voluntário a que se impôs depois de atuações decepcionantes no início do ano e confirmasse sua volta ao golfe no Masters, de quinta a domingo, da próxima semana. A confirmação de que jogará no primeiro major da temporada foi feita de forma lacônica pelo próprio Tiger, em seu site, mas com ênfase bem diferente de quando anunciou que ia parar por um tempo.
“Meu jogo e resultados não são aceitáveis para um torneio de golfe”, disse Woods, em 11 de fevereiro, depois de abandonar o Farmers Insurance Open, em Torrey Pines com 11 buracos jogados de forma horrível, alegando dores nas costas. “Como disse, eu entro em um torneio para competir no mais alto nível, e quando eu achar que estou pronto, eu estarei de volta”, escreveu Tiger para justificar os dois meses em que ficaria sem competir.
Dúvidas – “Estarei jogando no Masters,” publicou Tiger, sexta-feira à tarde na sua página na internet, pondo fim às especulações de quanto tempo ele precisaria e se voltaria a competir. “É óbvio que (o Masters) é muito importante para mim, e eu quero estar lá”, continuou. “Eu trabalhei muito no meu jogo e eu estou ansioso para competir” disse. “Estou animado para chegar a Augusta e eu aprecio o apoio de todos.”
Foram apenas 41 palavras, em inglês, que deixaram muitas dúvidas que só serão respondidas na próxima terça cedo, quando está marcada a entrevista coletiva de Tiger, em Augusta, e a partir de quinta-feira, no campo, o verdadeiro critério da verdade. A principal das dúvidas é se Tiger acredita que está pronto para vencer novamente e não apenas competir. Pelo primeiro comunicado do ex-número 1 do mundo, atual 104º do ranking, especula-se que sim. Pelo segundo, não, dada a ênfase maior no fato do torneio ser “muito importante” para ele do que ao afirmar que trabalhou muito no seu jogo.
Temporada – Aos 39 anos e vindo de dezenas de problemas físicos do pé à cabeça – mais exatamente dos calcanhares de Aquiles ao pescoço – Tiger jogou apenas 47 buracos de torneios do PGA Tour desde agosto passado – oito meses – e nove torneios desde 2013, dos quais abandou três, não passou o corte em três, e nos três que terminou, todos acima do par, seu melhor lugar foi um 17º lugar que, infelizmente, correspondeu à última colocação de seu próprio torneio para convidados, em dezembro.
Mas os problemas físicos não explicam o que deixou sua torcida mais atônita: uma série de erros comuns em um amador de handicap 20, mas impróprios para um profissional, ainda mais para quem foi número 1 do mundo durante mais de 13 anos não consecutivos. O que se viu no seu torneio, o Hero World Challenge, e no Phoenix Open e no Farmers, foi muitas vezes um jogo curto horrível, com Tiger errando o green de perto, com wedges na mão, e às vezes passando a bandeira 30 jardas de vôo.
Treinos – Muitos afirmam que ele jogou 66 em seu campo de treino, o Medalist, um bom indicador do que se pode esperar dele, mas a imprensa americana noticiou que Tiger jogou 74 em seu primeiro treino em Augusta, na terça, com cinco birdies, mas com erros primários voltando a atormentá-lo no jogo curto. Da volta desta sexta, momentos antes de anunciar sua volta, ainda nada se sabe.
Woods vai jogar seu 20º Masters, 18º como profissional, com três vitórias, a última delas em 2005. Seu último major ganho foi em 2008. Mas esta não será a primeira vez que Woods volta a jogar justo no Masters, após um longo período longe das competições. Ele fez isso em 2010, quando foi a Augusta depois de cinco meses afastado em função dos escândalos sexuais que culminaram com sua separação. Naquele torneio, Woods ainda era número 1 do mundo e terminou em quarto lugar.
Quem ri por último – Woods tem hoje o pior ranking desde setembro de 1996, última vez que não esteve entre os Top 100 do ranking mundial de golfe. Em sua pior temporada, Woods jogou 82 para não passar o corte no Phoenix Open. Mas a frase de Phil Mickelson, ele também renascendo das cinzas antes do Masters, é a mais comentada pelos fãs: “Tiger ainda vai rir por último”, garante seu maior rival dos últimos 20 anos.
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