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Augusta cede às pressões e admite duas mulheres como sócias

21/08/2012

Secretária de Estado dos EUA e investidora da Carolina do Sul vestirão as jaquetas verdes

Payne: conseguindo dar o passo mais importante de sua administração no clube de golfe que é sede do Masters

Payne: dando o passo mais importante de sua administração no clube de golfe que é sede do Masters

Dez anos depois de a líder feminista Martha Burk ter comandado um boicote que fez o Masters ser jogado por dois anos sem patrocinadores e seis meses depois de Billy Payne, ter sido enxovalhado em sua própria casa e ficado sem palavras para explicar a política machista do clube que preside, o Augusta National decidiu entrar para o século 21 ao anunciar a inclusão das duas primeiras sócias mulheres da sede do primeiro major da temporada.

“Esta é uma ocasião alegre”, disse Payne, ao anunciar nesta segunda-feira que a Secretária de Estado, Condoleezza Rice, e a investidora Darla Moore, da Carolina do Sul, tornar-se-ão as primeiras mulheres a vestir a jaqueta verde desde que o clube foi fundado, em 1932. As duas passarão a ser sócias assim que o clube, que sempre fica fechado de meados de maio a meados de outubro, reabrir.

Debate – Os protestos de Marta Burk já andavam esquecidos quando a IBM, patrocinadora do Masters, passou a ser dirigida, em 2011, por uma mulher – Virginia Rometty – e os quatro CEOs que a sucederam, todos homens, foram convidados para se tornar sócios de Augusta, ao passo que ela não. Isso reacendeu o debate sobre o machismo do clube que é uma das maiores vitrines do golfe mundial e culminou com a pressão definitiva para que Augusta mudasse sua política. O simples anúncio da inclusão das duas mulheres já é um avanço e tanto, pois até então nunca o nome de um sócio foi revelado pelo próprio clube.

“Meu Deus, nós ganhamos!”, comemorou Burk ao saber da notícia. Hootie Johnson, presidente de Augusta, em 2002, quando começaram os protestos dos grupos feministas, deixou o clube em 2006, para que Payne iniciasse o processo de modernização da até então mais sulista das entidades. Sob o comando do conservador Johnson, até a imprensa era cerceada e os novos jornalistas que chegavam para cobrir o Masters avisados que perderiam suas credenciais se escrevessem algo que o clube não gostasse.

Elogios – Agora fora do poder, Johnson, também mudou e escreveu uma nora para o jornal The State de Columbia, na Carolina do Sul, apoiando a novidade. “Esta é uma notícia maravilhosa para Augusta National Golf Club, e eu não poderia estar mais satisfeito. Darla Moore é minha boa amiga, e eu sei que ela e Condoleezza Rice vão desfrutar do Clube, tanto quanto eu tenho.” Mas como Payne vai hoje muito pouco ao clube, sempre pode ter sido uma ironia.

Johnson e Moore trabalharam juntos numa campanha para arrecadar US$ 300 milhões para a Universidade da Carolina do Sul. Condoleezza, por sua vez, acaba de ser apontada para o Conselho Executivo da USGA, a Associação de Golfe dos Estados Unidos, que divide com o R&A a condução do golfe mundial. Payne disse que a delibiração sobre novos sócios de Augusta é e continuará sendo um assunto particular, e que só anunciou a inclusão das duas por causa de sua importância histórica.

História – “Essas duas mulheres compartilham a nossa paixão pelo jogo de golfe e amboas são bem conhecidas e respeitadas por nossa sociedade”, disse Payne em um comunicado. “Será um momento de orgulho quando Condoleezza e Darla receberem suas jaquetas verdes na reabertura do clube”, continuou. “Este é um momento significativo e positivo na história do nosso clube e, em nome da nossa associação, eu queria aproveitar esta oportunidade para saudar as duas e todos os nossos novos membros na família Augusta National.”

A bola da vez agora são os três clubes que mantém políticas machistas e estão no rodízio do British Open, a começar pelo Muirfield Golf Club, que recebe o terceiro major da temporada em 2013. Troon e Royal St. George`s também não admitem mulheres em suas sedes. O mesmo acontece com o Royal & Ancient Golf Clube de St. Andrews, que na verdade só tem a sede – os campos do conjunto, inclusive o Old Course são públicos, mas o R&A, a entidade que cuida do golfe em quase todo o mundo, incluindo o Brasil, é há alguns anos uma entidade à parte, separada do clube.

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