01/04/2016
Rocha estreia na linha de corte, os outros sete brasileiros acima dela. Pavel lidera com nove abaixo
Lucas Lee: jogando 29 de ida e sete abaixo no total, numa volta sem bogeys, para estrear em quarto lugar no maior torneio de golfe da América do Sul
por Ricardo Fonseca – fotos Thais Pastor
Num dia onde 23 profissionais jogaram cinco abaixo ou melhor, com o líder, o americano Bhavik Patel, errando um putt de um metro no 18 para ficar sozinho em primeiro com 62 tacadas, nove abaixo, o Brasil foi destaque duas vezes na rodada de abertura do Brasil Champions by Embrase Segurança e Serviços, torneio do Web.com Tour, circuito de acesso ao PGA Tour, com US$ 700 mil (mais de R$ 2,5 milhões), que começou a ser jogado nesta quinta-feira, no São Paulo Golf Club, na capital paulista. Primeiro, pela manhã, com Rafa Becker, que jogou 65 (-6) e deixou o campo em terceiro lugar, caindo para décimo no final do dia. Depois, com Lucas Lee, que jogou 64, sete abaixo, à tarde, entregou o cartão como vice-líder e terminou o dia em quarto lugar.
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Dos dez brasileiros em campo, apenas Alexandre Rocha, que jogou 69, duas abaixo, para estrear em 54º lugar, também está dentro da linha de corte, que ficou em duas abaixo do par após 18 buracos e deve ir para quatro ou cinco abaixo ao término da rodada desta sexta, após a qual apenas os 60 primeiros e empatados permanecerão no torneio. André Tourinho e Rodrigo Lee, que jogaram 70 (-1) e estão em 79º lugar, ainda tem boas chances de jogar no final de semana, mas os demais estão em situação complicada.
Brasileiros – Rafael Barcellos e Felipe Navarro, empatados em 113º, com 72 (+1) e Pedro da Costa Lima, o Pepê, estreando como profissional, que marcou 73 (+2) e vem em 126º, deverão precisar de voltas excepcionais, algo como 65 tacadas ou melhor, para chegar ao final de semana. Este não é o caso de Ronaldo Francisco, 143º, com 77 (+6), e Daniel Stapff, 144º, com 78 (+7) que irão jogar nesta sexta apenas para cumprir tabela.
Veja, abaixo, o vídeo com os melhores momentos do primeiro dia
(Obs.: apesar de gravarem várias jogadas de Lucas e Becker, ambos top 10, os americanos, como sempre, aliás, são muitos bairristas na edição e não mostraram nenhum deles nesse compacto, apesar de o torneio ser no Brasil)
Bhavik Patel, americano da Califórnia, de família indiana, 25 anos, saiu em um dos últimos cinco grupos e não tomou conhecimento dos greens pisoteados e do forte calor, que passou dos 30º C, para fazer 11 birdies em sua volta de 62 tacadas, a melhor das 111 que jogou até hoje no circuito. Ele saiu pelo tee do 10 e começou o dia com uma acima nos três primeiros buracos. Mas, depois de aproveitar o 13, de par 5, e de embocar de 10 metros, no 14, e de 13 metros, no 15, para fazer seus três primeiros birdies do dia, não parou mais e ainda errou de muito perto para o que seria seu birdie final, no 9. Patel terminou o dia com uma de vantagem sobre o argentino Julian Etulain, o líder da manhã, e do americano Matt Atkins, que fez seu 63 (-8) à tarde.
Destaques BR – Lucas Lee, que vem em quarto, com 64 (-7), empatado com os americanos Travis Bertoni e Andrew Svoboda; o dinamarquês Sebastian Cappelen; o mexicano Oscar Fraustro; e o canadense Ryan Yip, teve um começo de volta excepcional, com seis birdies nos primeiros nove buracos. “Só me dei conta que tinha jogar 29 de ida – o SPGC tem par 71 (35-36) – agora na entrevista”, diz o paulista radicado desde a infância na Califórnia e que joga no PGA Tour desde o final do ano passado. Lucas fez apenas mais um birdie nos nove buracos finais ao aproveitar o 17, de par 5, para jogar 64 (-7) e ter a certeza de que seu novo swing está quase no ponto.
Nas fotos ao lado, de cima para baixo: Pavel, o líder; Lucas e Becker comemoram; Rocha, Rodrigo, Tourinho, Pepê, Barcellos, Navarro, Ronaldo, Daniel e a bolsa dos brasileiros
“Mudei de swing uma semana antes de jogar 61 numa classificação de segunda-feira para o PGA Tour, no mês passado, perdi a mão no torneio, onde não passei o corte, mas continuei trabalhando e o resultado apareceu hoje”, diz o brasileiro mais bem colocado do torneio, para quem não foi a adrenalina dos quatro birdies seguidos que fez para fechar os primeiros nove que o fez errar mais na segunda metade do campo. “O swing saiu um pouco do programado, mas felizmente consegui criar mais algumas chances de birdie, emboquei um, e salvei o par quando precisei”, comenta Lucas, que depois de comer voltou ao bate-bola para treinar. “Amanhã já vou estar com o swing encaixado novamente”.
Rio 2016 – Lucas pode garantir vaga para jogar ao lado de Adilson da Silva, da equipe YKP/Azeite 1492, nos Jogos do Rio 2016, com um título e até um segundo lugar em São Paulo, e ainda terá nova chance no Web.com Tour, na próxima semana, em Cartagena, na Colômbia, antes de voltar ao PGA Tour, onde tem pelo menos dois torneios garantidos, em abril. Já Rafael Becker, o segundo melhor brasileiro do dia, com 65, que está sem circuito, precisa terminar entre os 25 primeiros para poder jogar em Cartagena e depois esperar nova oportunidade no PGA Tour Latinoamérica, onde a condição de ex-campeão (Aberto do Brasil de 2014) não tem bastado para entrar direto nas chaves dos torneios.
Becker começou a jogar pelo tee do 10, ao lado de Stapff e Tourinho, no último grupo da manhã, fazendo três birdies nos quatro primeiros buracos. Ele respondeu a um bogey no 16 com novo birdie no 17, e fez mais três birdies nos cinco buracos finais, para jogar o 65 que voltou a lhe dar a confiança que precisa para ter novo alento na temporada. Becker treinou muito para o torneio e até foi recompensado no final de semana, quando fez um hole-in-one no buraco 15, o par 3 mais longo do campo (acima de 200 jardas) batendo um ferro 4.
Linguagem das cores – Rocha, que é membro do Web.com Tour e teve a honra de ver seu caddie jogar de jaleco amarelo, destinado apenas aos Top 25 do ranking, com direito ao número correspondente à posição (23 no caso de Rocha), teve muitas chances de birdie, mas só embocou dois em sua volta de 69, uma das poucas sem bogey no dia. Os birdies no 16 e no 1, ambos de par 4, bastaram apenas para deixar Rocha na linha de corte. Ele vai precisar jogar outro 69, ou 68, nesta sexta, para jogar no final de semana. Em tempo: os demais membros do circuito têm os caddies vestidos com jalecos vermelhos e quem joga a convite e os demais sem status no Web.com Tour usam caddies com jalecos brancos.
Quem teve muita torcida foi Pepê, que jogava em casa estreando como profissional, uma decisão que surpreendeu a todos, mas que pode lhe dar novo ânimo no golfe, depois de ter quase abandonado a carreira amadora ao se sentir perseguido em convocações de equipe pelo ex-coach inglês do Brasil. Pepê vinha no par do campo, com dois birdies e dois bogeys, até o 18, quando tentou atacar a bandeira encostada no lago à direita, foi na água e pagou um duplo bogey que tornou sua classificação para o final de semana bem mais difícil.
Sem defesa – A bandeira do 18 foi apenas uma das muitas colocadas em situações extremas nos greens, uma forma de tentar defender o campo curto para os padrões desses profissionais, com apenas 6.574 jardas, quase mil jardas a menos do que a média do circuito. Os greens também estavam muito rápidos, com média de 12 pés no stimpmeter, pela manhã, caindo para 11 pés, à tarde. Mesmo assim, sem vento e com os greens recebendo melhor após a chuva da noite anterior, o São Paulo permitiu que 99 dos 144 jogadores em campo terminassem com números vermelhos no placar, 39 deles jogando quatro abaixo ou melhor. A média da ida (35) foi de 34,07 tacadas; a da volta (36), de 35,29; e a do campo (71) de 69,35.
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