CBG publica nota de esclarecimento sobre conflitos com o coach

10/09/2014


Entidade não nega problemas nem reunião, mas prefere acusar imprensa de inverdades



por: Ricardo Fonseca

Dias depois de publicada a reportagem “Meninas se rebelam contra coach e fazem melhor volta do Mundial” – clique aqui para ler o artigo  – no Portal Brasileiro do Golfe, na qual, ouvido por e-mail, Paulo Pacheco, presidente da Confederação Brasileira de Golfe, chefe da delegação e capitão do time, se recusou a comentar a reportagem, a entidade publicou uma “Nota de Esclarecimento” – clique aqui para ler  – na qual confirma a reunião com as duas jogadoras, os problemas delas com o “coach” inglês da equipe, mas prefere atacar a imprensa usando termos com “visão fantasiosa que não tem ligação com a realidade”, “textos pseudo-jornalísticos por terem como objetivo declarado distorcer e desvalorizar o amplo trabalho desenvolvido pela CBG”, e “sistemáticas distorções e inverdades”.

A reportagem em questão ouviu de duas fontes distintas ligadas ao grupo – e nunca das jogadores como faz supor a tal “Nota de Esclarecimento” – que as meninas se rebelaram contra o “coach” inglês Shaun Case, que trabalha para a CBG, pela forma inepta qual a qual ele vinha atrapalhando sistematicamente as jogadoras, ao criticá-las durante o aquecimento, pouco antes de entrar em campo, pondo defeitos em seu swing (caso de Luiza Altmann, que treina com Sean Foley, até recentemente coach e Tiger Woods, e sua equipe), ou por não ter dado prioridade à preparação para o Mundial (caso de Luciane Lee). Luciane preferiu jogar o US Amateur Public Links, um dos majors do golfe americano, e as seletivas para o LPGA, e não veio ao Amador do Brasil, um dos poucos torneios que teve a presença do “coach” inglês. Luciane passou na seletiva, foi para a fase seguinte e está a um passo de ganhar um cartão do LPGA ou de seu circuito de acesso e se tornar profissional.

A reportagem do Portal Brasileiro do Golfe afirma ainda que as jogadores pediram uma reunião com Pacheco para tentar resolver o problema com o coach, e em nenhum momento ataca a CBG, e sim expõe problemas com um funcionário contratado para ser o “coach” nacional, mas que mora na Inglaterra, vem pouquíssimas vezes por ano ao Brasil, e vive distante da realidade dos melhores jogadores do país, que estão ou no Brasil, ou nos EUA – como o caso das três meninas da equipe do Mundial – e que o vem raramente.

Confirmação – A Nota de Esclarecimento da CBG, a despeito de atacar a reportagem e o jornalista que a escreveu – confirma a reunião entre Luciane, Luiza e Pacheco: “De fato, a ocasião também serviu para dirimir dúvidas sobre a forma de cobrança de resultados por parte do treinador, ocasião em que ficou esclarecido que tudo se devia às características da cultura inglesa do treinador, habituado a sempre ser direto em suas colocações e externar claramente suas conclusões”. (Nota: Case é o “coach” da CBG desde agosto de 2012).

E as declarações por escrito exigidas pela CBG das três jogadoras, confirmam os problemas, em especial com duas delas: “Durante a semana tivemos um conflito com o Shaun, mas no final nós descobrimos que ele não tinha má intenção, mas queria, sim, extrair mais o nosso potencial”, com o escreveu Luciane; e “Há alguns aspectos em que discordo dele, mas nada que não possa ser facilmente resolvido”, no texto curto atribuído a Luiza – a Nota não explica se esse texto, ao contrário dos outros, é a íntegra do que ela escreveu.

Desta forma, o Portal Brasileiro do Golfe nada tem a retocar na reportagem publicada, apenas lamentar que informações procedentes e confirmadas pelos próprios envolvidos de problemas entre jogadoras e seu técnico nos dias de jogo do Mundial, onde o Brasil voltou a ter um dos piores resultados de sua história, sejam confundidas com ataques à CBG e não tenham sido respondidas na hora, como seria salutar e democrático, mas apenas dias depois, através de uma Nota que tenta atacar o trabalho democrático de um dos poucos veículos independentes da imprensa especializada em golfe do Brasil.

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