“Chequinho” de Herik no CCSP evidencia difícil luta dos profissionais brasileiros

28/02/2019

Prêmio de apenas R$ 2 mil mostra que novos jogadores não têm por onde começar

por | Ricardo Fonseca

A foto (abaixo) do gaúcho Herik Machado com um cheque de R$ 2 mil, o prêmio que ganhou em sua primeira vitória como profissional, na etapa de abertura do Golf Pro Tour (GPT) de 2019, causou surpresa nas redes sociais, pois muitas pessoas não tinham conhecimento de como são pequenas as bolsas de prêmios oferecidas no golfe profissional brasileiro pós Jogos do Rio 2016. Antes com um calendário de uma dezena de torneios, alguns com prêmios bem grandes, o golfe profissional brasileiro está restrito hoje a dois minitours, que organizam torneios de um, dois ou três dias e têm como premiação básica o dinheiro “casado” pelos próprios jogadores nas inscrições.

Com isso fica difícil para os profissionais já experientes se manter em atividade e torna muito mais complicada a vida de quem pretende começar a carreira profissional no Brasil. O país organiza, é verdade, dois torneios do PGA Tour Latinoamérica, que corresponde à terceira divisão do PGA Tour, mas só há quatro brasileiros com o cartão do circuito e os demais, que conseguem jogar por convite ou através das seletivas de segunda-feira nessas importantes competições brasileiras, chegam sem ritmo de competição e em grande desigualdade em relação aos outros mais de 100 participantes.

Isso fica mais claro pelo que aconteceu em 2018. No São Paulo Golf Club Championship participaram 20 brasileiros, mas só dois estavam entre os 58 passaram o corte, com Rafa Becker em nono lugar e Guilherme Oda em 24º. Na semana seguinte, no JHSF Aberto do Brasil, foram 21 jogadores da casa e cinco passaram o corte, três deles membros do circuito: Rafa Becker, 4º; Alexandre Rocha, 8º; e Rodrigo Lee 14º. Felipe Navarro, que ganharia este ano o cartão para 2019, ficou em 33º; e Rafa Barcellos, que foi membro do PGA Tour LA, em 41º.

CBG Pro Tour – O minitour mais forte do Brasil é o agora chamado CBG Pro Tour, com apoio oficial da Confederação Brasileira de Golfe (CBG) que, na verdade, até hoje, só ajudava com a divulgação e o uso do Blue Golf, sistema de resultados online. Para 2019, Gustavo Vicenzotto, diretor de marketing da CBG, que já viabiliza as etapa do circuito no São Paulo GC, onde é capitão, está tentando intermediar patrocinadores para o CBG Pro Tour para que se possa ter um calendário mais consistente. Mesmo assim o CBG Pro Tour 2019 só tem cinco ou seis etapas confirmadas até agora e só vai começar em abril.

O CBG Pro Tour realizou nove etapas em 2018, sendo cinco no Paraná, onde o circuito foi criado com o nome de Mini Tour Profissional de Golfe, por Marcos Silva, e hoje tem Pablo de La Rua no comando. Mas dos dez primeiros do ranking final da temporada, a única “novidade” foi Gustavo Teodoro, que a duras penas e com convites permutados pela CBG, conseguiu jogar duas etapas do PGA Tour LA no primeiro semestre, ganhar um cartão para o resto do ano, que, infelizmente, não manteve para 2019.

As bolsas de prêmio do CBG Pro Tour são o dinheiro das inscrições dos profissionais – e de amadores que em alguns eventos jogam uma rodada em dupla com eles – mais um patrocínio local de pelo menos R$ 10 mil, que o profissional do clube anfitrião consegue com os sócios do clube. Isso faz a diferença e permitiu que as bolsas de 2018 variassem de 14,5 mil (Las Palmas) a 38 mil (São Paulo GC). Ainda assim ridiculamente pequenas se comparadas aos R$ 270 mil que o LV Vivo Championship chegou a pagar no Brasil em 2010, ou aos R$ 200 mil pagos no torneio profissional da Samsung, no PL no ano anterior. R$ 270 mil, em 2010, corresponderiam hoje a R$ 442 mil, corrigidos pelo IGP-M (FGV).

CBG Pro Tour – O Golf Pro Tour é o “primo pobre” dos minitours brasileiros. Criado em São Paulo por Marcelo Monteiro, o GPT tem torneios de um dia, com apoio dos clubes, que cedem os campos, e dos jogadores amadores, que pagam para enfrentar os profissionais na chave principal ou para jogar um torneio por handicap e, com isso, ajudam a aumentar a bolsa de prêmios que, em 2018, variou de R$ 4 mil a R$ 8 mil (na etapa do São Paulo GC), já contado o dinheiro da inscrição dos profissionais. Se não conseguir apoio, pode até acabar.

O objetivo do GPT é diferente, apenas manter os jogadores em atividade, com jogos nas terças-feiras, e ajudar os amadores que pensam em virar profissionais a medir forças com eles. Os profissionais experientes e com mais recursos jogam nos dois circuitos, mas o GPT tem a vantagem de realizar torneios em São Paulo, onde está a maioria dos profissionais do país. Os amadores Pedro Nagayama e Gui Grinberg e outros que pensam em virar profissionais em breve, costumam jogar sempre esses eventos.

Para incentivar os amadores, a GPT oferecia troféus aos amadores que eram dados pela CBG, em 2018. Este ano o benefício foi cortado e, se o circuito quiser manter os troféus, vai ter que tirar da bolsa dos pros. Seu único apoio é da Federação Paulista de Golfe, que ajuda com a divulgação dos eventos em seu site.

Falência – Circuito profissional brasileiro como existia nos tempos do Credicard, Vivo, LG e Samsung e outros, não aparece em horizonte próximo. A PGA do Brasil que chegou a organizar uma dezena de torneios por ano, em parceira com esses e outros patrocinadores e clubes em seus abertos, perdeu a credibilidade junto aos patrocinadores e muitos clubes e ficou limitada a um torneio em 2018, que talvez nem aconteça em 2019, depois que a entidade ainda não conseguiu realizar eleições, com a chapa de oposição exigindo prestação de contas detalhada, o que ainda não foi feito.

O maior torneio profissional do Brasil – acredite – é um evento beneficente, o da Casa da Paz, que todos os anos mescla jogo individual com um Pro-Am que arrecada um bom dinheiro para a entidade que cuida de crianças carentes. A bolsa dos profissionais é de R$ 100 mil e atrai jogadores de toda a América do Sul.

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