12/03/2012
Desde que foi pilhado pela mulher em múltiplas traições, bateu o carro numa fuga de casa na madrugada e viu sua carreira entrar em parafuso, Tiger Woods, o melhor golfista das últimas décadas, que reescreveu a maioria das páginas do livro dos recordes, vem alternando poucos bons momentos com longos períodos de crise. Nos 33 torneios que disputou o PGA Tour desde que voltou do limbo, ele não passou o corte em dois, abandonou três e não terminou 22 entre os dez primeiros.
Mas há tempos a maior das preocupações da torcida, que todos os dias repete o mantra “Tiger Woods está voltando”, era com oswing de Tiger, não com sua saúde. Isso mudou neste domingo quando, depois de jogar três acima em 11 buracos e bater um drive de 321 jardas na raia do 12 do Doral, ele foi visto abandonando o campo no cart de um árbitro, rumo ao estacionamento, onde se enfiou em seu Mercedes preto e deixou o condomínio, rumo a sua nova casa, distante 15 quilômetros do Doral.
Novos sapatos – A TV quase não mostrou Tiger antes disso. Jogando mal, ele foi visto fazendo seu segundo bogey consecutivo no 7; no 10, ao bater a segunda para a água, e fazer mais um bogey; até que a TV se deu conta que, antes de começar a segunda metade do campo, ele havia trocado os sapatso pretos por um par de tênis brancos, como foi mostrado em imagens comparativas. A imagem seguinte foi Tiger abandonado o campo e, depois, sendo acompanhado pela câmara do dirigível Snoopy One, da MetLife, onde se viu que ele dirigia o próprio carro, com o caddie Joe LaCava de passageiro.
Ao deixar o campo, Tiger disse para o relações públicas do PGA Tour que tinha dores na perna, logo entendido como seu joelho esquerdo, operado quatro vezes. Uma hora depois, sua própria assessoria disse que o problema era no tendão de Aquiles do pé esquerdo, mais condizente com a imagem de Tiger desamarrando os tênis no cart do juiz e levando a mão ao tornozelo esquerdo. Mas ao entrar no carro, a mão sobre a nádega esquerda, enquanto mancava, mostrava que o joelho não estava fora de questão. Jamais saberemos ao certo.
Mancada – Woods foi notado mancando de leve, pela primeira vez, depois de mandar a bola para o rough da esquerda da raia do 10. No 12, depois de bater o drive mais longo do buraco, soltou um grito de dor e abandonou o campo, agora mancando para valer, segundo os jornalistas que estavam no buraco.
“Eu senti uma dorzinha no meu tendão de Aquiles quando estava batendo bolas de manhã”, disse Woods no comunicado enviado à imprensa. “Isso foi piorando progressivamente durante o dia”, explicou. “Depois do drive no 12, eu decidi que era necessário desistir”, contou. “No passado, eu teria continuado a jogar, mas, agora, decidi fazer o que era necessário”, disse. “Vou avaliar o Aquiles no começo da semana”, finalizou, deixando no ar seu calendário.
Calendário – Woods jogaria a Tavistock Cup, uma brincadeira entre os profissionais moradores nos condomínios da Flórida, no começo da próxima semana, e no Bay Hill, de Arnold Palmer na semana seguinte, seu último torneio antes do Masters. Agora, é difícil que mantenha esse calendário para não arriscar sua participação no Masters. Ou para não alimentar as dúvidas que mais do que abandonar por causa da dor, a desistência foi porque ele não teria mais interesse no jogo. Não foram poucos nem pouco importantes os jornalistas de golfe que escreveram isso neste domingo.
De qualquer forma, Woods tem sorte. Nas três últimas vezes que abandonou o campo por contusão, ele nunca estava na frente, sempre jogando mal e sem chances de fazer alguma coisa no torneio. Foi assim no The Players de 2010, quando ele deixou o campo na volta final queixando-se de dores no pescoço que felizmente não deixaram seqüelas. Novamente no The Players de 2011, quando ele parou de jogar após o buraco 9 da primeira rodada, quando já tinha estourado as 40 tacadas, com dores no mesmo Aquiles. Desta vez, parou por três meses.
Histórico – Este ano gozando de plena saúde, Woods perdeu o título em Abu Dhabi para o desconhecido inglês Roberto Rock, quando era líder na volta final. Foi eliminado na segunda rodada do Accenture; ressurgiu das cinzas com uma volta de 62 tacadas para ser vice-campeão do Honda, ganho por McIlroy, que passou a ser o número 1 do mundo; e agora abandonou o Cadillac.
Woods não vence um major há quase quatro anos. No PGA Tour, o jejum já dura mais de dois anos e meio, e na série mundial, onde chegou a vencer metade dos torneios stroke play que disputou, vai completar três anos sem títulos. O próximo lance dessa conturbada aventura, será o lançamento oficial do livro de seu ex-treinador Hank Haney, cujas partes mais contundentes já reveladas falam de como sua obsessão por treinamentos militares pôs em risco a saúde de sua perna esquerda. Mais atual, impossível.
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