Derrota dos EUA na Ryder Cup vira novela diária na mídia

07/10/2014


Desde que Mickelson criticou o capitão Watson, revelações picantes surgem a cada dia


Tom Watson, capitão americano faz discurso da derrota, observado pelo time europeu campeão de golfe da Ryder Cup; abaixo, o time americano, constrangido e desunido. Fotos: Ricardo Fonseca
Tom Watson, capitão americano faz discurso da derrota, observado pelo time europeu campeão de golfe da Ryder Cup; abaixo, o time americano, constrangido e desunido. Fotos: Ricardo Fonseca

por: Ricardo Fonseca

Há quem apoie e há quem critique a atitude de Phil Mickelson, que depois de passar os dois jogos de sábado no “banco”, ao lado de seu amigo, protegido e parceiro de duplas, Keegan Bradley, aproveitou a entrevista do time perdedor, domingo, em Gleneagles, na Escócia, para criticar o capitão Tom Watson, que estava ao seu lado, por seu centralismo e individualismo, e culpá-lo pela terceira derrota consecutiva e oitava em dez anos para a Europa. Mas a verdade é que Mickelson, ao colocar o dedo na ferida, ajudou a provocar uma crise, que além de deleitar o público com novos e picantes lances a cada dia, pode ajudar os EUA a mudar uma situação onde se tornou freguês da Europa.

Sem citar Watson, de 65 anos, o mais velho capitão de uma Ryder Cup, e sem sequer olhar para ele, que estava seis cadeiras ao lado na entrevista final, Mickelson sugeriu que a derrota americana aconteceu porque o capitão deste ano, ao contrário de Paul Azinger, o último capitão dos EUA que saiu vencedor da disputa, tomou todas as decisões sem ouvir seus jogadores e foi para a Escócia com um time já dividido e enfraquecido. Disse Mickelson ao vivo e em rede internacional que os EUA só teriam perdido porque se afastaram da fórmula vencedora de Azinger e que ninguém foi ouvido por Watson em qualquer decisão.

Incidentes – Só na volta do time aos EUA ficou-se sabendo, em parte ,os motivos de Mickelson ter falado daquela forma. Na quinta-feira passada, Bob Harig, da ESPN.com, publicou artigo revelando que na noite anterior à final da Ryder Cup, após a derrota de sábado, que deixou o time americano perdendo por 10 a 6, uma desvantagem que se tornou irreversível (a Europa venceu por 16,5 a 11,5), Tom Watson, falando na sala de convivência do time, onde estavam os jogadores dos EUA, suas mulheres e companheiras e demais integrantes do grupo, criticou duramente seu próprio time, culpou os jogadores pela fraca atuação, não assumiu nenhum responsabilidade pelo resultado negativo e ainda criticou e ridicularizou diversos jogadores da Europa.

Pior do que isso, foi sua reação ao gesto de carinho do time que momentos antes havia lhe presenteado com uma réplica da Ryder Cup autografada pelos 12 jogadores. Segundo fontes, ele recebeu o troféu e disse: “Obrigado, isso foi sincero”, caminhando de volta a seu lugar. Mas parou e retrucou: “Eu não quero essa taça, quero a Ryder Cup de verdade pois essa nada significa para mim”, relatou a reportagem da ESPN. A sala teria ficado em silêncio total, com um constrangimento contagiante.

Mickelson reage – Soube-se no dia seguinte, por outra reportagem, que o silencio só foi quebrado por Mickelson, que se colocou à frente do grupo, de costas para Watson, e falando como um verdadeiro capitão, dirigiu a palavra para cada um dos companheiros, exaltando suas características de jogo e dizendo como elas poderiam fazer a diferença no dia seguinte. Uma palavra de estímulo para cada um que ajudou a recuperar parte da autoestima do grupo, como deveria ter feito um verdadeiro capitão.

As reportagens jamais foram negadas por ninguém. Pelo contrário. No dia seguinte, Tom Watson foi obrigado a publicar uma carta aberta, de seis parágrafos, onde reconhecia seus erros na condução do time americano na Ryder Cup, dizia assumir as reponsabilidade pelos suas falhas e declarações e que pedia desculpas por seu comentários sobre o time terem levado aos jogadores a “mensagem errada”. Para Watson, o resumo era esse: “Eu era seu capitão; todos os erros cometidos são meus e assumo total responsabilidade por eles.” Politicamente correto, mas transmitindo pouca sinceridade.

Palavrão – Mas a novela da Ryder Cup não ficaria por aí. No dia seguinte foi a vez da colunista Lewine Mair publicar no Golf Post, que Tom Watson foi ainda mais grosseiro em sua fala ao grupo na noite de sábado, dizendo algo como “Este time é uma merda!”. Ela lembrou ainda que antes de Mickelson, Jordan Spieth, de 21 anos, já havia criticado o capitão abertamente. Spieth teria ouvido de Watson que jogaria sexta à tarde se ele e Reed fossem bem pela manhã. Venceram a dupla de Ian Poulter e do local Stephen Gallacher por 5 & 4 e mesmo assim ficou no banco. Bradley também disse que não esperava ficar de fora todo o sábado.

Quando a novela parecia acabada, Alex Miceli, da Golf Week, revelou que Tom Watson teve mais uma atuação desastrosa como capitão ao tirar Bill Haas do time na véspera da divulgação dos três jogadores que iriam completar o time americano, para levar Webb Simpson em seu lugar. Mais uma vez nenhum dos nove jogadores do time já definido pelo sistema de classificação automático foi ouvido.

Simpson x Haas – Segundo fontes citadas na reportagem, Watson já havia consultado seus três vice-capitães – Andy North, Steve Stricker e Raymond Floyd – sobre as escolhas, que seriam Bradley, Hunter Mahan e Haas, esse um candidato natural uma vez que passou todos os cortes em 2014, teve cinco Top 10s e ficou em 20º na estatística de 2014 de tacadas ganhas em relação ao grupo em campo, a medida mais completa sobre a atuação de um jogador do PGA Tour. Haas foi vice-campeão no Wyndham Championship, 15º no The Barclays, que abriu os playoffs e nono Deutsche Bank Championship da semana seguinte. E já tinha jogado duas Presidentes Cup.

A reportagem revela ainda que teria sido Tiger Woods – sem explicar como – que teria feito Tom Watson mudar de ideia e levar Simpson no lugar de Haas, sem ouvir mais ninguém. Simpson jogou apenas duas das cinco partidas possíveis em Gleneagles, perdeu uma e empatou a outra.

A cobertura completa e exclusiva no Brasil da Ryder Cup você encontra na edição da Revista Golf & Turismo que começa a ser distribuída esta semana em São Paulo e na próxima em todo o Brasil.


Time americano durante discurso de Watson: vontade de estar em outro lugar

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