04/04/2017
Ela foi punida, um dia depois, por não ter recolocado a bola no local original, antes de um putt curto
Lexi, enxugando as lágimas (acima) e marcando e recolocando a bola (abaixo). Imagens: reprodução da tevê
por Ricardo Fosneca
Os rábulas que se dizem guardiões das Regras do Golfe até parecem tentar, mas não conseguem escapar de tomar decisões repugnantes que resultam de seu julgamento estreito e complicam o que poderia e deveria ser simples. E, quando se trata de majors, parece que o apetite por sandices aumenta ainda mais, talvez na proporção direta da audiência, como demonstram a penalidade de quatro tacadas imposta à americana Lexi Thompson, um dia e 12 buracos depois do acontecido.
Desta vez, o outrora esporte que mais crescia no mundo, continua sua derrocada para se tornar a modalidade que mais perde adeptos e simpatizantes, por se mostrar desconectada da realidade e incompreensível para a grande maioria, incluindo os que a entendem. Uma vantagem de duas tacadas tornou-se uma desvantagem de duas, restando seis buracos a jogar, que Lexi ainda descontou, antes de levar a decisão do ANA Inspiration, no Mission Hills Country Club, em Rancho Mirage, na Califórnia, primeiro major da temporada feminina, para o desempate, onde perdeu para So Yeon Ryu, que fez birdie no primeiro buraco extra.
Crime e castigo – O “crime” de Lexi teria acontecido no penúltimo buraco do segundo dia, onde, de pé ao lado da bola, marcou sua posição e a recolocou, talvez um centímetro para o lado (veja o gif abaixo). Lexi não recolocou a bola mais perto da bandeira ou teve vantagem para de livrar de alguma imperfeição na linha de putt. Simplesmente se enganou. Assinou o cartão e entregou sem que ninguém, nem o árbitro do grupo, nem sua marcadora, tivesse se dado conta disso.
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Lexi marcando (acima) e recolocando a bola (abaixo)
Segundo os oficiais do LPGA, foi “alguém” que assistindo o VT do jogo na televisão de alta definição, com recurso de voltar a imagem em câmara lenta, se deu contra do erro acontecido sábado. Esse telespectador – não se sabe se familiar da jogadora beneficiada ou se por falta do que fazer – mandou um e-mail para a página Fan Feedback do site lpga.com comunicando o “crime”. Nesse momento Thompson e Suzann Pettersen estavam jogando o buraco nove do domingo.
Centímetro assassino – Os oficiais de Regras do LPGA se reuniram, viram a cena repetidas vezes em um tela de alta definição em câmara lenta, onde se percebe a bola sendo recolocada a um centímetro, talvez, do local original, e deram o veredito: infração à Regra 20-7c (jogar de local errado), penalidade de duas tacadas. Mas como Lexi assinara o cartão errado (duas tacadas a menos), foi penalizada em mais duas tacadas. E isso porque a regra mudou recentemente, transformando a pena de desclassificação em penalidade, em casos como esse.
Sue Witters, vice-presidente de Regras do circuito, foi então para o campo e comunicou a Lexi, antes de ela ir para o tee do 13, que estava penalizada em quatro tacadas. Um 67 do dia anterior virou 71. “Estou 100% seguro que não foi intencional pois Lexi é uma jogadora classe A”, afirmou Witters, sem se dar conta que passava para a história por uma decisão idiota e injusta. “O que mais podia fazer”, desculpou-se.
Desafio – Repare num jogo de golfe qualquer, profissional ou não, e veja que muita gente não recoloca a bola no “lugar exato”. Acha que não é verdade? Grave com uma câmara de alta definição e assista ao vídeo em uma TV Top, em câmara lenta, ampliando a imagem. Que tal fazer isso no seu próprio jogo? Diferenças de meio centímetro, sem intensão de dolo, são comuns. Quando vira “crime”? Três quartos de centímetro, um pouco mais, um pouco menos? Isso me lembra gente que vai na avenida Paulista protestar contra os corruptos e aproveita para comprar programa pirata e mercadoria sem nota nas galerias. Quando começa a ser corrupção? R$ 10? R$ 100? R$ 1 milhão?
Majors – e suas grandes audiência na TV – são um prato cheio para os rábulas das Regras. Eles tentaram fazer o mesmo com Dustin Johnson no U.S. Open de Oakmont em 2016. Não conseguiram. Alertados por outro desocupado na tevê, lhe tascaram uma tacada de penalidade por fazer a bola se mover no green. DJ venceu de qualquer jeito. Ao contrário do PGA Championship de 2010, no buraco 18 de Whistling Straits, quando resolveram que um pequeno trecho de areia cercado de gente por todos os lados era uma banca, penalizaram DJ e o tiraram do playoff. Primeira banca da história com mais gente que areia e sem juiz preocupado em tirar o povão de dentro dela.
Et tu, Brute – Nem o maior ídolo do golfe do século 21 escapou. Já tinha acontecido com Tiger Woods, que levou duas de penalidade por dropar no local errado (um metro mais atrás) no Masters de 2013, depois de ter acertado a haste da bandeira e a bola ricocheteado para a água. O “desocupado” de plantão era David Eger, ex-diretor de Regras e Competições da USGA, mas devo dizer que ele teve razão pois o próprio Tiger se incriminou ao dizer ter dropado mais para trás para não acertar a bandeira de novo. Ok, Tiger se enganou com as Regras e pagou. Foi intencional, embora sem dolo.
Para continuar nas mulheres, no US Women’s Open de 2016, Brittany Lang derrotou Anna Nordqvist no playoff de forma parecida. Nordqvist foi penalizada por raspar o taco na areia numa banca da raia, infração dedurada pelo câmara da Fox Sports, que gravava o lance. O mais triste da situação é que depois de décadas discutindo mudara as Regras de Golfe, R&A e USGA decidiram propor um monte de alterações, mas só para valer a partir de 2019. Que a cada dia parece mais longe.
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