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Faldo Series: Jacintho e Negrini vencem no Damha e vão aos EUA

14/07/2013

Brasileiros disputam final mundial no Greenbrier, que acaba de sediar torneio do PGA Tour

Jacintho, campeão geral da Faldo Series: sonhando com mais oportunidades de jogar golfe pelo Brasil

por: Ricardo Fonseca

Luis Jacintho, de Bauru (SP), jogou 68 na volta final para somar 207 tacadas, nove abaixo do par, e ser campeão geral e da categoria até 21 anos do Faldo Series South America Championship 2013, encerrado neste sábado, no Damha Golf Club, em São Carlos. Marcos Negrini, de 16 anos, que jogava em casa, marcou 67, cinco abaixo e melhor volta da rodada final, para ser campeão até 16 anos, depois de vencer o primeiro buraco do desempate contra o paranaense Ulisses de Toledo Júnior, de 15 anos, líder geral da véspera, que jogou 71. Ambos somaram 209 tacadas, sete abaixo.

Como as outras três categorias em disputa na etapa sulamericana do torneio foram vencidas por estrangeiros, os dois paulistas serão os únicos representantes do Brasil na final mundial da Faldo Series, que, ao contrário de que vinha sendo divulgado pelos organizadores no Brasil, não será jogada na Irlanda, como nos anos anteriores, e sim no Greenbrier, em West Virginia, nos Estados Unidos. O contrato para levar a final mundial pela primeira vez na história do circuito para os EUA fora anunciado dia 2 de julho, por Jim Justice, proprietário do The Greenbrier, e Sir Nick Faldo, campeão de seis majors, que criou a Faldo Series em 1996, circuito para juvenis de 12 a 21 anos que este ano movimentará mais de 7 mil juvenis em 40 eventos por países da Europa, Ásia, América do Sul e, agora, EUA.

Os estrangeiros ficaram com os títulos e as vagas para a final mundial no Greenbrier, nas demais categorias. O uruguaio Federico Levinsky, único entre os 52 participantes a jogar todas as três voltas abaixo do par (71-70-71) venceu entre os meninos de até 18 anos, com quatro abaixo, deixando James Walter Cleary Filho em segundo, no par do campo. Na categoria feminina até 21 anos ganhou a chilena Florencia Vinagre, que vinha de um título na Faldo Series em seu país, e na até 16 anos venceu a espanhola Nina Rissi Miozzo. No feminino da Faldo Series não há a categoria até 18 anos.

Virada – O campeão Jacintho começou o dia uma tacada atrás dos líderes: Patrick Murray, austríaco que morou quase toda a infância no Brasil e foi revelado no São Fernando, que vinha em primeiro desde a rodada de abertura; e Ulisses Júnior, que empatou na liderança no segundo dia. Jacintho, hoje estudando em Tampa, nos EUA, fez birdie no 2, um par 5 fácil, mas quase põe tudo a perder com uma bola na água no 6, par 3 com um green-ilha, onde não escapou de um duplo bogey.

Jacintho não se abateu e reagiu com três birdies seguidos, no 7, 8 e 9, para jogar duas abaixo de ida. Na segunda metade do campo, Jacintho fez birdies no 13 e no 14, para empatar em primeiro com Ulisses. Patrick, que também fez duplo bogey com bola na água no 6, voltou a fazer bogeys no 14 e 15, jogou 72 e saiu da disputa pelo título, para terminar em quarto na geral. Sua irmã, Daniela, venceu a Faldo Series até 21 anos, em 2011 e jogou a final mundial na Irlanda.

Decisão – O empate entre Jacintho e Ulisses persistiu até o buraco 17, um par 4 com um grande lago à frente do green, onde o paranaense errou uma tacada curta, foi na água e fez o duplo bogey que acabou com suas chances de ser o campeão geral, mas ainda o manteve na liderança da categoria até 16 anos, empatado com Negrini, que jogava um grupo à frente. Negrini, revelado na escola de golfe Anwar Damha, de São Carlos, jogou quatro abaixo de ida, com birdies no 2, 4, 8 e 9, e fez mais um birdie no 17, para jogar 67 pelo segundo dia consecutivo, o melhor resultado acumulado dos últimos 36 buracos (-10), e ser o líder na sede até a chegada do grupo final. Em apenas um buraco, o 17, Negrini descontou as três tacadas que o separavam de Ulisses.

Ulisses fechou a volta com 71 tacadas para somar 209, sete abaixo, e empatar com Negrini em primeiro na categoria até 16 anos. O desempate, no buraco 9, um par 5, foi emocionante. Ulisses bateu um drive no meio e foi com a segunda para o green, à direita, com a bandeira no meio, à esquerda. Negrini bateu o drive para a esquerda e chegou com a segunda no colar do green, à esquerda, de onde deixou o putt para eagle a poucos mais de dois metros do buraco. Ulisses também jogou para eagle, ficando a menos de um metro da bandeira. Só que Negrini venceu ao embocar seu putt para birdie, enquanto o do paranaense rodava o buraco.

Carreira – Jacintho, que mudou de faculdade nos EUA para dar prioridade ao curso de Engenharia, na Universidade do Sul da Flórida, não foi chamado para fazer parte do time de golfe da escola, mas se mantém em atividade treinando num clube local e jogando mini-tours profissionais. “Durante a época de aulas não há torneios amadores fora do circuito e só consigo jogar esses eventos de um dia dos mini-tours”, conta Jacintho, que havia jogado apenas dois torneios de vários dias em 2013, um no começo do ano, na Argentina, a convite da CBG, e o Campeonato Amador Mexicano, onde foi por conta própria.

O campeão da Faldo Series espera agora ter mais oportunidades de jogar a convite da CBG, embora o “coach” inglês Shaun Case, contratado pelo Brasil para ser o responsável por todas as convocações, não tenha ido nem ao Amador do Brasil, no Paraná, na última semana, onde Jacintho ficou em sétimo, nem na Faldo Series, onde o jogador de Bauru venceu. “Pedi ao Nico (Barcellos, gerente técnico da CBG) mais chances de jogar torneios pelo Brasil”, conta Jacintho, que vai jogar seletivas para o Aberto de Match Play da Flórida e para o US Amateur, antes da final da Faldo. “Meu sonho é jogar a Los Andes pelo Brasil”, revela Jacintho.

Negrini – Mas a vitória brasileira mais comemorada do dia foi a de Negrini, que contava com toda a torcida local e assim que venceu o playoff foi jogado pelos amigos no lago do 9. “Pezinho”, como é chamado no Damha, ficou feliz em saber pelo Portal Brasileiro do Golfe que a final mundial do Faldo, para a qual se classificou com o título, não será mais na Irlanda. “Seria legal viajar para a Irlanda, mas os campos links são muito difíceis para quem não está acostumado e os europeus levariam vantagem”, comenta.

Para Negrini, a vaga na final mundial é um recompensa por tudo o que tem treinado, às vezes até com prejuízo dos estudos. “Fiquei de recuperação em duas matérias, mas foi por pouco, apenas 0,3 ponto, e não vai ser problema”, conta o menino, que é filho de um funcionário do Damha, aprendeu golfe quando o campo de São Carlos começou a ser construído, e desde então foi “adotado” pelo clube, que reconheceu seu talento. Seu próximo desafio será a Ryder Cup Brasil x Bolívia, na próxima semana, no São Fernando.

Apenas cinco jogadores completaram as três rodadas sem jogar acima do para nenhum dia: Jacintho e Ulisses jogaram o par na estreia e abaixo nos outros dois. Patrick, quarto na geral e segundo na 21 anos, jogou 66, a melhor volta do torneio, na estreia, e 72 (par) nas outras duas. Levinsky fez os três dias abaixo do par para ser campeão até 18 anos; e Paulo Mattos jogou dois pares e um 71, para empatar em terceiro na 16 anos, com os gaúchos Herik Machado e Rohan Boettcher. Negrini, que venceu, jogou 75 no primeiro dia.

Paulista de Inverno – O Campeonato Paulista Juvenil de Inverno, válido para o Ranking Paulista e Brasileiro, jogado paralelamente à Faldo Series, tem categorias de idade diferentes. Negrini e Patrick fizeram dobradinha na 18 anos. Negrini foi campeão até 18 anos, com 209 tacadas, contra 220 de João Paulo Carlos da Silva, do Damha, e 226 de Kaio Nascimento, no Guarujá. Na até 15 anos, venceu Paulo Mattos, do VistaVerde, com 215, seguido por Victor Costa Pinto, de São José, com 243 e John Fladt, do São Fernando, com 254.

Nas categorias com idades menores, chamadas de nini-Faldo, Thomas Choi, do Terras de São José, de Itu, venceu a 13 anos, com 238 tacadas, para assumir a liderança do ranking da categoria. Rodrigo Ferrari, do Clube de Campo, ficou em segundo, com 243, seguido por Kenzo Yui, com 275. Nas até 11 anos, Tomas Ribeiro, do Damha, foi o campeão com 263, seguido por Guilherme Grinberg, do Lago Azul, com 276.

Na categoria feminina geral a campeã foi Carolina França Pereira (na foto ao lado, acima de Negrini), com 264 tacadas, contra 267 de Florence Amy Hirose, ambas do São Fernando. Lauren Grinberg, do Lago Azul, ficou a seguir, com 274. Julia Shin foi a campeã júnior e recebeu o troféu das mãos de Carlos Gonzalez, presidente do Damha GC.