09/08/2011
A idéia é tão esdrúxula que Greg Norman, um dos muitos postulantes ao cargo de designer olímpico, taxou-a de imediato de “pesadelo logístico”, o que tem toda cara de ser mesmo. Mas, exatamente por ser tão radical, é preciso entender primeiro a proposta de Faldo, antes de formar uma opinião sobre ela. Vamos a alguns trechos da carta.
“Entende-se que com a complexidade do local e as demandas do evento olímpico, seria necessário um processo unificado e eficiente arquitetonicamente – como dizem, egos devem ser deixados na porta – mas, por favor, imaginem o interesse mundial e o apelo de um campo olímpico criado como resultado da verdadeira colaboração de homens e mulheres campeões de todos os continentes.”
“Considerem que temos designers campeões de majors de todos os continentes – África, Austrália, Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia. Bastaria o anúncio desta colaboração para gerar um verdadeiro e positivo interesse mundial e da imprensa para uma história verdadeiramente olímpica.”
Egos – Uma proposta como esta pode parecer heresia para muitos – nunca nada assim foi feito ou tentado no mundo – mas alguns dos postulantes já deram a tacada inicial a propor que o campo olímpico fosse projetado não por um, mas por dois designers, duplas de homem e mulher que construiriam o campo levando em conta que ele vai sediar dois eventos – masculino e feminino: Jack Nicklaus e Annika Sorenstam, e Greg Norman e Lorena Ochoa.
O mais importante, talvez, se a proposta de Faldo for levada a sério, não seria escolher os 18 designers (que ele espertamente limitou aos que também são campeões de majors, como ele), mas saber quem seria o árbitro dessa disputa e quem controlaria a reação em cadeia do maior choque de egos da história do esporte. Além é claro do arquiteto-gerente desse projeto, com a missão de impedir o renascimento de Frankenstein.
Bilhões – Caso você tenha perdido parte da história, não se trata simplesmente de construir um campo magnífico e torcer por um grande espetáculo do golfe em sua volta à família olímpica, nos Jogos do Rio, em 2016. Menos de um ano depois desse primeiro torneio de golfe olímpico em mais de um século, os membros do Comitê Olímpico Internacional (IOC), irão se reunir, em 2017, para decidir se o golfe – e todas as demais modalidades – devem permanecer nos Jogos Olímpicos ou não. Ao contrário dos outros esportes, o golfe (e o rúgbi) vai ser julgado só pelo que acontecer no Rio.
O que está em jogo, caso você tenha perdido também, são os bilhões de dólares que a Indústria do Golfe pretende gerar a mais – ao levar seus produtos e serviços a todos os países do mundo onde existe ainda um imenso potencial para o crescimento do esporte, algo indispensável para o golfe continuar a crescer, sobretudo agora que seus dois maiores centros – EUA e Europa – estão mais preocupados com o espírito do Dow Jones do que com o do Bobby Jones; um olho em Wall Street e outro no Atlanta Athletic Club.
Debate na TV – Faldo tem defendido sua idéia reiteradamente em seu twitter e terá agora um dos maiores palcos do golfe mundial – o PGA Championship – para discuti-la em detalhes, já que ele será um dos comentaristas da TV americana desta semana e poderá ser ouvido por nós na tecla SAP, durante as 20 horas de transmissão do torneio para o Brasil.
Tirando a primeira reação de Norman, não se tem notícias do que pensam os demais envolvidos diretamente na idéia, como Nicklaus, Palmer, Woods, Mickelson, Els, Cabrera, Sorenstam, Ochoa, Player, Olazábal e tantos outros campeões de majors que já abraçaram a carreira de designers. Mas uma coisa é certa: se a idéia de Faldo for adiante, pelo menos uma dezena de países e todos os continentes se sentiriam envolvidos na maior aventura do homem desde a conquista do espaço.
“O golfe é maior do que todos nós; e eu ficaria feliz em estar entre os 18 campeões que desenhariam o campo que perpetuaria ao golfe e a nós”, twittou Faldo.
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