Golfe 2016: para brasileiros, pode ser o começo do fim do sonho olímpico

05/02/2013


O calvário dos golfistas juvenis, amadores e profissionais, Charles de Gaulle e Brigitte Bardot


O Cristo Redentor, de Charles de Gaulle e Brigitte Bardot: esperança, critica e piada sobre o Brasil
O Cristo Redentor, de Charles de Gaulle e Brigitte Bardot: esperança, critica e piada sobre o Brasil

por: Ricardo Fonseca

A partir da manhã desta terça e até a próxima sexta-feira, os brasileiros Felipe Navarro, Tiago Silva, Caio Barbosa e Rafael Barcellos disputam a seletiva de Lima, no Peru, para a temporada de 2013 do PGA Tour Latinoamérica, que distribui vinte cartões para o circuito que, neste segundo ano, terá 15 torneios com premiação de US$ 150 mil cada. Mais do que um tour para jogar nesta temporada – é esse ou nada, pois as classificações para os demais já terminaram – para esses talentos brasileiros está em jogo o que pode ser a última chance de representar o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

A conta é simples. De acordo com as regras propostas pela Federação Internacional de Golfe e aceitas pelo Comitê Olímpico Internacional, irão participar da tão esperada volta do golfe aos Jogos Olímpicos, depois de mais de um século de ostracismo, apenas 60 profissionais, pela ordem do ranking mundial de golfe. Os 15 primeiros da lista no começo de 2016 terão vaga garantida, e os outros 45 serão definidos pela ordem do ranking, com o limite de dois por país. Para um brasileiro isso significaria hoje – e a concorrência está aumentando a cada ano – estar entre os 300 primeiros do ranking, ou melhor. Talvez entre os 200, quando chegarmos lá.

Calvário – Para ter pontos suficientes no ranking mundial é preciso primeiro estar em um grande circuito e, depois, ter resultados expressivos nele. O gaúcho Adilson da Silva, que joga no Sunshine Tour há mais de uma década e no Asian Tour há dois anos, teve, em 2012, uma vitória no primeiro e três Top 10s no segundo, para se manter como o brasileiro mais bem colocado no ranking mundial de golfe, mas apenas na 357ª colocação, longe ainda da futura zona de classificação para o Golfe 2016. Mesmo o paulista Alexandre Rocha, que inicia esta semana sua terceira temporada consecutiva no PGA Tour e vem de um vice-campeonato e um quarto lugar no circuito profissional mais bem pago do mundo, em 2012, não passa hoje da 415ª colocação.

A diferença para os demais profissionais brasileiros é que ambos – assim como Lucas Lee que joga no One Asia Tour e no PGA Tour Canadá, mas é apenas o 1.031º do ranking – ainda terão oportunidades para chegar aos Jogos do Rio, em 2016, com boas autuações nesta e nas próximas duas temporadas. É difícil, mas plausível. Para todos os demais, as portas estão se fechando. Definitivamente.

Fim de sonho – Não ter um tour para jogar em 2013 significa quase estar fora do jogo olímpico. A partir deste ano, não há mais seletiva para entrar no PGA Tour. Quem não está lá precisa se classificar para o Web.com Tour de 2014 e ser um dos 25 melhores da temporada de 2015, para entrar no PGA Tour em 2016. Mesmo assim, praticamente sem tempo de subir no ranking mundial antes da definição das vagas olímpicas. Há a opção do Tour Europeu, mas a tentativa de recolocar o Brasil no circuito a partir deste ano foi barrada por nossos dirigentes, comprometidos com projetos pessoais e com a determinação do PGA Tour em ter a hegemonia do continente. Dando muito pouco em troca, diga-se de passagem.

Mesmo para quem jogar no PGA Tour LA em 2013, o caminho para o Golfe 2016 também pode ser tão difícil quanto para os demais. O primeiro colocado do ranking do PGA Tour LA de 2013 vai ganhar um cartão integral para o PGA Tour LA de 2014. Os quatro seguintes (2º a 5º) ganham apenas cartões condicionais e se não mostrarem serviço nos quatro primeiros torneios do ano, na América Latina, os menos concorridos, dizem adeus ao circuito. Esses e os colocados de 6º a 10º ainda entram direto na seletiva final para o Web.com Tour de 2014 e podem prorrogar o sonho olímpico por uma temporada, desde que consigam a vaga no circuito de acesso ao PGA Tour de 2015. Os demais começam a pensar nos Jogos de 2020, ainda sem sede definida.

Brasileiros – Ronaldo Francisco e Daniel Stapff, que estrearam no PGA Tour LA em 2012, mantiveram seus cartões e estão garantidos no circuito satélite do Web.com Tour em 2013, assim como Odair Lima, que perdeu o seu, mas o ganhou de volta ao ficar com o único convite direto a que a Confederação Brasileira de Golfe tinha direito como organizadora de eventos do tour. A eles podem se juntar os que passarem nessa seletiva e ainda Philippe Gasnier, que optou pela outra seletiva do circuito, na próxima semana, na Flórida, nos EUA.

Dos poucos brasileiros que estrearam como profissionais nos últimos anos, a maioria desistiu de pensar em golfe olímpico ou mesmo em jogar como profissional. João Paulo Albuquerque, Guilherme Oda, Rogério Bernardo, Giordano Junqueira, Pablo De La Rua e Edione Nogueira ou se desencantaram com a profissão ou não tiveram apoio e dinheiro para levá-la adiante. E a próxima geração de profissionais pode estar limitada a Rafael Becker, que terminar a faculdade nos EUA no meio do ano.

Vácuo – Depois disso, resta o vácuo. O golfe virou esporte olímpico em outubro de 2009, mas o Brasil demorou a reagir. Desde então, as categorias de base do golfe brasileiro continuaram abandonadas – há cinco torneios nacionais juvenis por ano, concentrados no primeiro semestre – e os amadores de alto desempenho tiveram sua temporada sistematicamente reduzida. Mulheres nem se fala. Os profissionais se dividiram, com a elite ganhando um circuito de três e agora quatro torneios, e os demais, sendo relegados à sua própria sorte.

Não espere renovação tão cedo. A melhor safra de juvenis se conta nos dedos de uma mão e a maioria tem 15 anos ou menos. Deus é brasileiro, mas tudo tem limites. Do alto do Corcovado talvez não se possa ver brasileiros jogando golfe em casa, em 2016. Até porque com o campo olímpico enroscado até agora, o golfe olímpico pode ir para Búzios, onde a estátua mais famosa é a de Brigite Bardot. Ela esteve na cidade após o golpe de 1964, deixou-se fotografar com os seis nus, ganhou um terreno à beira mar da máquina de propaganda da ditadura militar e foi embora fazendo biquinho e piada: “Adorei a revolução de vocês!” O que já nos remete a Charles de Gaulle: “N`est pas un pays sérieux.”

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