21/02/2013
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse nesta quarta-feira, em entrevista à imprensa, que a notificação sobre a disputa judicial pela posse do terreno onde será construído o campo de golfe para os Jogos do Rio, em 2016, gera “preocupação zero” e que “nada muda”. A notificação foi feita pela Justiça Federal à Comissão de Coordenação do Comitê Olímpico Internacional (COI) que esteve no Rio esta semana vistoriando o andamento das obras para o evento, a pedido da Elmway Participações, que há anos disputa a titularidade do terreno destinado à construção do campo de golfe, no Parque Ecológico Marapendi, na Barra da Tijuca.
“É um sujeito que se diz dono que briga pela área”, resumiu o prefeito. “Isso não traz nenhum tipo de preocupação, pois qualquer pessoa pode fazer uma notificação judicial dizendo que está brigando”, disse Paes. “O que ele fez foi só a notificação judicial para dizer que está brigando pela área”, diz. “A preocupação é zero”, repetiu o prefeito.
Recurso – Paes não quis comentar o que pode ser um problema muito maior do que a notificação em si, o fato de depois de esgotados os recursos tentados pela Elmway no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), o processo ter ido para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que poderia postergar ainda mais o início das obras, que já estão muito atrasadas, após sucessivos adiamentos do início da construção.
“Não vou ficar sofrendo de véspera”, diz Paes, que reconhece que a construção do campo ainda depende das licenças ambientais. Como parte do terreno destinado ao golfe pertence a uma reserva ambiental, o prefeito fez um projeto de Lei liberando essa área para destinar em contrapartida uma área maior a ser agregada à área de proteção ambiental. Após uma queda de braço com os vereadores, que aprovaram o projeto com várias emendas, o prefeito vetou as emendas e o projeto como ele mandou segue aprovado.
Notificação – A notificação destinada ao COI foi entregue à chefe da comitiva no Rio, a marroquina Nawal El Moutawakel. “Eu recebi o documento no hotel, que eu não pude entender, pois estava em português”, diz El Moutawakel. “Passamos para nossos advogados em Lausanne (Suíça) para tradução, e não posso responder agora até que haja um posicionamento efetivo”.
O relatório final da Comissão de Coordenação do Comitê Olímpico Internacional, divulgado pelo COI nessa quarta-feira, nem cita o campo de golfe. Diz que a entidade está confiante, mas vigilante, dentro dos prazos traçados pelo COI. “O começo da construção é chave e recebemos todas as garantias de que tudo vai começar dentro dos prazos que foram apresentados para nós” – garantiu Gilbert Felli, diretor-executivo de Jogos Olímpicos.
Preocupação – A aparente tranquilidade quanto ao campo de golfe não evitou que dias antes de a comissão do COI chegar ao Rio, a Federação Internacional de Golfe (IGF, na sigla em inglês) mandasse um recado sobre usa preocupação. Antony Scanlon, diretor executivo da entidade, declarou em entrevista ao “Around the Rings”, site que há 20 anos é referência sobre o movimento olímpico, que a IGF está “muito preocupada” com os atrasos na construção do campo de golfe olímpico, na Barra da Tijica. O executivo diz que “há agora muito pouco tempo disponível para construir e condições de ter de um campeonato de golfe de alto padrão”.
“O COI está ciente das nossas preocupações e a IGF está esperançosa de que a próxima visita da Comissão de Coordenação do COI, no Rio de Janeiro, vai resolver isso”, afirmou Scanlon. “A IGF está esperando ansiosamente para que a legislação necessária seja aprovada… e que todos os contratos necessários, licenças e autorizações sejam emitidos imediatamente, para que a construção adequada possa começar tão logo quanto possível”.
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