Golfe Nota 10 revela seu primeiro campeão em São Paulo

15/04/2013


O título do Aberto de Campinas fez do pré-juvenil Lucas, de 14 anos, o nº 1 do ranking


Lucas de OLiveira: revelação do Golfe Nota 10 ganha seu primeiro Aberto de golfe aos 14 anos
Lucas de OLiveira: revelação do Golfe Nota 10 ganha seu primeiro Aberto de golfe aos 14 anos

por: Marco Antonio Martins, especial para o Portal Brasileiro do Golfe

Torcedor do Santos, de Neymar, e fã do desenho animado Os Simpsons, o paulistano Lucas de Oliveira, de apenas 14 anos, é o primeiro campeão de um Aberto do ranking estadual revelado no Golfe Nota 10, programa pioneiro desenvolvido pela Federação Paulista de Golfe, há seis anos, que já levou o golfe a milhares de crianças de escolas públicas e particulares de São Paulo.
Com a dedicação ao golfe, que chegou para transformar sua vida, Lucas diz não sobrar muito tempo para brincar. O número 1 do ranking juvenil da Federação Paulista de Golfe na categoria pré-juvenil (14 e 15 anos) leva a sério as aulas da 8ª série do Ensino Fundamental na Fundação Instituto de Educação de Barueri (FIEB), uma escola pública, o indispensável curso de inglês, as sessões de condicionamento físico e a preparação quase diária no São Fernando Golf Club, que abriu suas partas para que ele pudesse treinar, se alimentar e jogar gratuitamente.

De origem humilde, Lucas, que não dispensa macarrão no cardápio, é filho de funcionários públicos. O pai, Luiz de Oliveira, hoje assessor parlamentar comissionado, já foi caddie e golfista scratch. A mãe, Maria de Fátima, é diretora de escola estadual concursada. Juntamente com Caio, de 20 anos, que não é golfista, mas estuda e trabalha, eles formam uma família feliz, estruturada e muito batalhadora.

Carreira – Lucas deu suas primeiras tacadas em 2005, levado pelo pai, na Associação Esportiva São José, em São José dos Campos (SP). Com passagens pelo Portal Japy, de Cabreúva (SP), Lago Azul, de Araçoiaba da Serra (SP), e parques públicos de Carapicuíba e Cotia, onde batia bola, mas o jovem talento só foi revelado para o esporte durante as três temporadas em que disputou – a partir de 2007 – o Torneio Golfe Nota 10, uma das iniciativas de maior sucesso no País na iniciação de jogadores. “Foi no Golfe Nota 10 que pudemos começar a conhecer o talento do Lucas, que ganhou quase tudo que disputou”, destaca David Oka, gerente do projeto da FPG.

Lucas não chegou a ser aluno de uma das escolas incorporadas pelo GN10, mas carrega no peito uma enorme gratidão pela oportunidade de poder participar dos torneios do projeto da Federação Paulista de Golfe, do acesso às dicas preciosas repassadas pelos professores nos dias das rodadas e a chance de ser descoberto pelo São Fernando e aceito como jogador convidado da agremiação, uma das mais importantes do País.

Apoio decisivo – “A iniciativa de acolher o Lucas no São Fernando aconteceu há aproximadamente cinco anos”, diz Alessandro Fabietti, capitão do SFGC. “Hoje, ele pode frequentar o clube livremente, com aulas e refeições gratuitas”, conta. “Ajudar uma criança simples, mas com muito talento, que não teria condições financeiras de se filiar a um clube de golfe, foi uma maneira que vimos do São Fernando fazer a sua parte no incentivo e popularização do esporte”, continua Fabietti. Esperamos que essa iniciativa sirva de exemplo para outros clube privados”.

“O São Fernando está orgulhoso pelo título conquistado pelo Lucas no último domingo, no Campeonato Aberto do Clube de Golfe de Campinas (após vitória no playoff contra o experiente Marcelo Giumelli), e pelos outros bons resultados que ele vem apresentando”, conclui o capitão.

Aposta – “Ainda é cedo, mas posso dizer que o Lucas tem potencial para se tornar um dos melhores jogadores do Brasil”, opina o head-pro do São Fernando, Jaime Gonzalez, que foi o primeiro brasileiro na história a disputar o PGA Tour e o Tour Europeu, feito seguido por Alexandre Rocha, aluno do próprio Jaime no São Fernando e uma das maiores esperanças do País para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Segundo Jaime, Lucas se destaca pela “força de vontade, determinação e um talento natural para o esporte”.

Veja, abaixo, a entrevista que Lucas de Oliveira concedeu ao Site da FPG e conheça um pouco mais sobre o garoto que vem conquistando o Estado de São Paulo e tem tudo para brilhar também no restante do País.

Você se lembra como começou no golfe?  
Lucas de Oliveira – Dei as primeiras tacadas aos 7 anos, em 2005, acompanhando meu pai, quando ele era sócio e jogava na Associação Esportiva São José, o Santa Rita, em São José dos Campos. Em 2006, meu pai deixou o local e, sem clube, batia bola em parques públicos de Carapicuíba e Cotia. Eu estava sempre junto.

A transmissão de jogos pela TV aumentou seu interesse pelo golfe? Você já praticou outros esportes?
Sempre que posso acompanho os torneios do PGA Tour na TV. Já fiz natação, tive bom desempenho, mas foi apenas para ajudar no desenvolvimento físico para o golfe, que é meu esporte favorito.

Como o Golfe Nota 10 apareceu na sua vida?
Em 2007, meu pai me levou para o Golfe Nota 10 (quando Lucas participou do primeiro torneio, no FPG Golfcenter) e achei muito legal, pois não aguentava mais ficar só batendo bola sem a motivação pela disputa e o relacionamento com outros meninos e meninas. O Golfe Nota 10 foi muito importante para mim porque fiz novas e boas amizades e senti que era necessário treinar bastante para melhorar meu desempenho e vencer as disputas. O meu pai foi quem me ensinou os primeiros movimentos. No Golfe Nota 10 recebia dicas dos professores sempre antes de cada rodada. No último ano que disputei, em 2009, venci praticamente todas as rodadas. Em 2010, mesmo com idade para participar do programa, meu pai decidiu me colocar para disputar os torneios do juvenil estadual.

Quem lhe abriu as portas para treinar no São Fernando?
A diretoria do São Fernando, por intermédio do senhor Manuel Gama (presidente da FPG e sócio do SFGC), que conhece meu pai, abriu as portas do clube para que eu pudesse treinar. Depois da autorização do Richard Conolly, o presidente do clube na época, o Jaime Gonzalez (head-pro do SFGC) foi quem fez a ponte com meu pai para que eu pudesse ingressar no São Fernando e, também, me incentivou e me orientou sobre minha conduta nesse novo ambiente. A Maria Aparecida Palmberg (capitã juvenil do SFGC), além de me incentivar a participar dos torneios, me ajudou muito na relação social com os sócios do clube. À diretoria do São Fernando eu só tenho a agradecer por essa oportunidade de permitir que pessoas humildes possam treinar e usufruir de tudo que o clube oferece.

Você vai ao São Fernando todos os dias? Como avalia seu jogo hoje?
Atualmente vou ao clube às terças, quintas, sextas, sábados e domingos. Tenho aula gratuita de uma hora, com o profissional Steve Bergner, sempre aos domingos pela manhã. Meu jogo é equilibrado. Tenho tido bom desempenho no jogo curto, mas pretendo melhorar ainda mais. Estou batendo bem o drive. No Aberto de Campinas (disputado na cidade de Sumaré, onde o clube está localizado), por exemplo, nos dois dias de competição errei só dois ou três tiros.

O vínculo de sua família com o São Fernando começou bem antes de você, não é verdade?
Em 1960, meu avô paterno (Joaquim Rodrigues dos Reis), falecido em 2010, veio de Minas Gerais a São Paulo para trabalhar na limpeza e como jardineiro no São Fernando. Meu pai tinha 4 anos na época e aos 8 ingressou como caddie no clube e lá ficou até os 17. É uma história de muito sofrimento, mas que valeu a pena, porque, com esse trabalho digno, ele ajudou a família grande de 11 irmãos e aprendeu esse esporte maravilhoso, que hoje eu também estou podendo praticar.

Quais são suas principais conquistas no golfe?
Vencer o Aberto de Campinas foi a minha principal conquista até hoje. Nesse mesmo clube, também fui campeão scratch juvenil estadual, em 2011, com apenas 12 anos, e em 2012, com 13. Em 2010, com apenas 10 anos, fui vice-campeão scratch juvenil, no Lago Azul. Sou o primeiro do ranking paulista juvenil, na Categoria C, e quarto no geral.

Você sonha em seguir carreira como golfista profissional?
Ainda não sei se vou seguir carreira como profissional de golfe. Vai depender do meu desempenho daqui pra frente e, principalmente, de apoio. Sei que para melhorar meu rendimento, além da dedicação pessoal, preciso fazer intercâmbio fora do País e isso é difícil para mim, que não tenho muita condição financeira. Agora, por exemplo, fui convidado para jogar o Callaway 2013. Fiz a inscrição, mas estou dependendo de ajuda para as minhas despesas.

O golfe domina o seu dia?
Penso direto no golfe, estou sempre focado, mesmo fora de campo. Para mim é uma diversão que encaro com responsabilidade. O golfe, por ser um esporte, é muito bom. Gosto das amizades, a relação com as pessoas e o aspecto financeiro, claro, em caso de um dia ser profissional de bom nível.

Seus amigos estranharam você ter escolhido o golfe como esporte?
Sim, meus amigos estranham por não ser um esporte popular no Brasil. Até hoje não levei nenhum deles para praticar. Meu pai fala em adotar uma menina, negra, para “fazer a vez de minha irmãzinha”, que faleceu com 7 anos, e a transformar em uma campeã mundial.

Está nos seus planos disputar uma Olimpíada?
Está em nossos planos, sim, disputar uma Olimpíada, não sei se vou estar em condições em 2016, no Brasil. Sonhar é possível! Um dia eu sonhei jogar no São Fernando e esse sonho se tornou realidade. E só tenho a agradecer muito por isso a pessoas como Manuel Gama, Richard Conolly, Steve Bergner, Cida Palmberg, Sadao Kimura, Jaime Gonzalez, Julinho (Júlio da Cruz Lima Neto, presidente do SFGC), Cecília Moura, Alessandro Fabietti e todos os sócios e funcionários do São Fernando que têm ajudado em minha trajetória.

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