Jon Rahm vence Memorial. Espanha volta a ter um nº 1 do mundo após 31 anos

19/07/2020

Campeão foi penalizado em duas tacadas após jogada memorável, mais ainda venceu por três

Jon Rahm com a taça do Memorial que fez dele o número 1 do mundo. Foto: Sam Greenwood/Getty Images

por Ricardo Fonseca

O espanhol Jon Rahm Rodriguez tornou-se neste domingo, 19 de julho, aos 25 anos, o novo número 1 do ranking mundial de golfe. O título veio com uma vitória aparentemente tranquila, mas tensa, no Memorial Tournament, torneio do PGA Tour que tem Jack Nicklaus como anfitrião. Depois de começar o dia vencendo por quatro, Rahm chegou a abrir oito de vantagem mas, tenso, viu a diferença cair para apenas três e ainda foi penalizado em duas tacadas por ter provocado o movimento involuntário de sua bola, quando bateu da grama alta ao lado do green para fazer birdie no que seria a jogada mais memorável do dia, no buraco 16 de par 3 do Muirfield Village, em Dublin, Ohio.

Com um bogey também no 16 do americano Ryan Palmer, que vinha em segundo desde o início da rodada, a vantagem do espanhol voltaria a ser de cinco tacadas, restando dois buracos a jogar e foi pensando assim que ambos terminaram a rodada, com pares nos dois buracos finais. Mas mesmo antes de entregar o cartão Rahm soube pela entrevistadora da tevê que uma imagem em alta definição em câmera lenta mostrara várias vezes no ar sua bola se movendo ligeiramente, depois de ele apoiar o taco na grama alta no 16.

De novo as Regras – Pensava-se que as novas Regras do Golfe haviam nos poupado dessas surpresas, mas os árbitros do PGA Tour não pensaram assim e tacaram duas penalidades em Rahm. Seria uma penalidade por ter movido a bola, mas ao não recolocá-la ele recebeu a penalidade geral de duas tacadas, assumindo-se que jogou a bola de local errado. Nesse caso as penalidades não se somam e aplica-se as duas tacadas. Como a decisão não mudou nada na vitória de Rahm, que de cinco passou a três tacadas de vantagem, ficou por isso mesmo. Mas muito irá se falar disso nos próximos dias.

“Desde pequeno eu sonhava ser o melhor jogador de golfe do mundo”, disse Rahm, emocionado, pouco se lixando para as penalidades. “Ser o segundo espanhol e um dos poucos europeus a conseguir isso é um sentimento único, uma motivação adicional na minha carreira, mas honestamente não mudará minha vida pessoal”, aposta o espanhol. “O golfe é meu trabalho, mas não minha vida inteira e vou continuar tentando ser o melhor marido e pai que puder ser”, disse Rahm, que agora tem quatro vitórias no PGA Tour, uma em cada temporada e também acumula seis vitórias no Tour Europeu.

Carreira – Nascido em Barrika, na província da Biscaia, comunidade autónoma do País Basco, Rahm mora há muitos anos nos EUA, onde se formou na Arizona State University e ganhou o apelido de “Rambo” em parte por seu porte físico. Ele agora é o 24º jogador da história a chegar ao posto de número 1 do golfe mundial, repetindo o feito de . Seve Ballesteros que esteve no posto por 61 semanas não consecutivas, entre abril de 1986 e agosto de 1989. Sérgio Garcia teve chances de ser mais um espanhol nº 1 do mundo, mas seu gênio irreverente e polêmico em muito contribuíram para que ele chagasse apenas a ser o número 2, em 2008.

Aplicada a penalidade, Rahm venceu com 279 (69-67-68-75), nove baixo do par. Ryan Palmer  , único americano entre os sete primeiros colocados, somou 282 (67-68-73-74), seis abaixo, seguido pelo inglês Matthew Fitzpatrick, com cinco abaixo (75-66-74-68). Em quarto, com quatro abaixo, terminaram o inglês Matt Wallace  (72-70-70-72)  e o australiano Jason Day (73-66-72-73).

Destaques – Em sexto, com três abaixo, ficaram o sueco Henrik Norlander (74-66-71-74) e o canadense Mackenzie Hughes (74-66-73-72). Palmer perdeu o título mas ganhou uma das duas vagas para o US Open oferecidas para quem terminasse em primeiro e ainda não estivesse classificado.  Mackenzie Hughes ficou com a outra vaga. O norte-irlandês Rory McIlroy, que até este domingo ocupava o primeiro lugar no ranking mundial, terminou em 32º lugar, com 292 (70-72-72-78), quatro acima. Com esse resultado, Rahm seria número 1 do mundo mesmo se terminasse em segundo.

McIlroy já foi número 1 do mundo por 106 semanas (descontados os meses da parada do golfe pela Covid-19), a última delas desde 9 de fevereiro, quando voltou ao posto sem jogar na semana. Rory foi número 1 do mundo pela primeira vez em 4 de março de 2012 e, desde então, voltou ao posto outras sete vezes, contando a encerrada hoje.

Nicklaus – Rahm foi recebido por Jack Nicklaus, logo que deixou o green, com palavras de carinho. “Ontem (sábado) acho que joguei um dos melhores jogos da minha vida e mesmo com as dificuldades de hoje estou muito feliz com a vitória, pois é uma honra ganhar este torneio, diz Rahm. “Tive a sorte de conhecer Jack Nicklaus aos 18 anos e vencer o seu torneio foi demais para mim”, conta o espanhol. “Muitas coisas passaram pela minha cabeça durante a rodada, não foi fácil, mas sinto muita honra pela vitória.”

O momento mais tenso do jogo para Rahm foi quando o jogo foi suspenso por causa de raios, algo esperado num dia horrível, onde ventou forte, choveu várias vezes e tornou o campo um dos mais difíceis da temporada. Até lá, Rahm tinha feito dois birdies e nada parecia lhe ameaçar a vitória, a não ser os seus nervos. Com oito tacadas na frente, Rahm errou muito drives, fez bogey no 10, duplo bogey no 11 e outro bogey no 14, enquanto Palmer, com birdie no 12, reduzia a vantagem do espanhol para apenas três tacadas, com cinco buracos a jogar.

Vitória – Rahm só acalmou depois do birdie de fora no 16 (que virou bogey com as penalidades, mas ele não sabia) e teve a certeza da vitória quando Palmer fez bogey no 17, voltando a ficar cinco atrás (na verdade três). Antes de sua vitória neste domingo Rahm teve como melhores resultados da temporada os vice-campeonatos do Hero World Challenge e do Farmers Insurance Open. Seus outros dois top 10 da temporada foram no Waste Management Phoenix Open (empatado em nono lugar) e WGC-México (empatado em terceiro lugar).

Tiger Woods, voltando a jogar depois de cinco meses parado, dois a mais do que a maioria dos jogadores, passou o corte raspando aos 45 do segundo tempo, depois de Bryson DeChambeau fez uma lambança e despencou no placar, e foi mero coadjuvante no final de semana, terminando em 40º lugar, com 294 (71-76-71-76), seis acima do par.

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