Longa vida ao Rei

09/09/2009


Arnold Palmer completa 80 anos de amor ao esporte que ele e seu exército ajudaram a tornar universal


por: Ricardo Fonseca*

O aniversário de 80 anos de Arnold Palmer nesta quinta, 10 de setembro, é uma data que merece ser celebrada não apenas pelos familiares do jogador que ficou conhecido como The King, mas por toda a comunidade do golfe e do esporte mundial. Se o golfe chegou aonde chegou, muito se deve a ele e a seu exército de torcedores, o Arnie`s Army, que nasceu em sua primeira grande conquista, o Masters de 1958, e sob seu comando ajudou o golfe a conquistar a televisão, se espalhar pelos Estados Unidos e dominar o mundo.

A América de 1958 já tinha um herói de guerra apaixonado por golfe, o presidente Dwight Eisenhower, a quem coube reconstruir a economia do pós-guerra conduzindo muitas de suas negociações de dentro do campo. Tinha também uma classe média emergente, ávida por informação e com acesso cada vez maior à televisão, que recém havia descoberto no golfe um grande filão. Faltava apenas um catalisador, como a vitória de Palmer em Augusta, para incendiar o público e mudar a história do jogo.

Soldados – A vitória de Palmer em si – jogou 284, quatro abaixo do par, para ganhar a primeira de sua quatro jaquetas verdes por uma tacada – não foi tão importante como a forma com que o público descobriu sua cativante personalidade. E pelo apoio imediato que o ex-membro da Guarda Costeira americana, de 28 anos, recebeu dos soldados do vizinho Camp Gordon, que pela primeira vez tiveram acesso gratuito a Augusta e foram recrutados para cuidar dos placares do campo.

Quando Palmer foi a campo domingo cedo, líder ao lado de Ken Venturi, seu exército já estava pronto para a primeira campanha. As legiões seguiram o comandante de forma ordenada até o buraco 12, par 3 de 155 jardas que ficava exatamente na metade da sequência de três buracos que o escritor Herbert Warren Wind imortalizaria dias depois como “Amen Corner”. Palmer vencia por uma tacada e foi aí que tudo aconteceu.

Desafio – A bola de Palmer varou o green e ficou enterrada no rough enlameado pelas chuvas dos dias anteriores. Palmer disse que pela regra local ele tinha direito a um free drop, ou seja, desenterrar a bola, limpá-la e recolocá-la em jogo sem penalidade. Venturi e o árbitro que acompanhava a dupla discordaram, exigindo que Palmer jogasse a bola como ela se encontrava.

Irritado, Palmer decidiu desafiar árbitro e adversário e bater duas bolas, uma como ele queria e outra sem tocá-la, deixando a decisão para o comitê de regras. Ele fez três com a primeira (par) e cinco com a segunda (duplo bogey), contra par de Venturi. Assim, no tee do 13, alguém vencia por uma, só não se sabia quem.

Bobby Jones – A torcida adorou o estilo de Palmer e foi à loucura quando ele embocou de cinco metros para fazer eagle no 13, contra birdie de Venture. Veio então a informação extra-oficial – confirmada um buraco depois pelo próprio Bobby Jones – de que a Comissão de Regras tinha aceitado o argumento de Palmer e validado seu par no 12. Frustrado, Venturi fez três bogeys seguidos e deixou Palmer abrir vantagem.

De alguma forma, a energia da torcida em campo contagiou a que estava em casa assistindo os três buracos finais pela televisão. Encontraram um golfista atlético, destemido e confiante o bastante para desafiar os árbitros e tentar qualquer jogada que precisasse para vencer. Era apenas a terceira transmissão do Masters, mas a primeira em que a torcida se identificava com o jogo e com o seu novo herói.

Herói – A partir daí, o Arnie`s Army jamais abandonou Palmer. Ele venceu outros três Masters, um a cada dois anos, e sete majors no total, tornando-se matéria obrigatória para a mídia e um exemplo para os milhares de novos golfistas que aderiam ao esporte a cada nova conquista de seu herói.

Mais de meio século depois, o exército de Palmer ainda não se dispersou. Seus soldados o acompanharam em 94 vitórias como profissional, sendo 62 no PGA Tour, 10 no Sênior Tour, 22 ao redor do mundo e estão de prontidão para seu aniversário. Nem quando jogou seu último torneio oficial do Champions Tour, em 2006, Palmer ficou sozinho. Ele tem um torcedor em cada golfista e o respeito de cada adversário que derrotou. Palmer é o herói do verdade, em carne e osso, que mudou para sempre a face do jogo.

*O jornalista Ricardo Fonseca é diretor de conteúdo do Portal Brasileiro do Golfe e editor-chefe da revista Golf & Turismo.

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