Masters: Scott e Cabrera saem vencedores do playoff em Augusta

15/04/2013


Austrália ganha primeira jaqueta verde e Cabrera mostra que o golfe ainda é diferenciado


 Scott, o campeão do Masters, de costas, comemora título abaçado a Cabrera, o derrotado: ganhou o golfe
 Scott, o campeão do Masters, de costas, comemora título abaçado a Cabrera, o derrotado: ganhou o golfe

por: Ricardo Fonseca

Não poderia haver melhor final para o Masters deste ano do que ver Adam Scott, que venceu seu primeiro major e deu à Austrália sua primeira jaqueta verde, deixar o green do 10, onde embocou um putt de quatro metros, já no lusco-fusco, para fazer birdie no segundo buraco do playoff, abraçado com Angel Cabrera, que ria com o adversário e mostrava estar realmente feliz com a conquista daquele que antes de tudo é seu amigo. Uma atitude que mostrou a todos, numa semana controversa em Augusta, que o golfe ainda é um esporte diferenciado, onde a honra, o espírito esportivo e a integridade estão acima do tudo, seja ele um prêmio de US$ 1,4 milhão de dólares ou a vontade de vencer um major mais uma vez.

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Adam Scott teve ainda outra atitude diferenciada. Enquanto ainda saboreava o maior momento de sua carreira, o título que o colocou em outro patamar no esporte e na vida, dividiu a glória com seu caddie, Steve Williams, certo de que ter em sua bolsa o homem que acompanhou Tiger Woods em 13 majors, três em Augusta, clube onde a dupla jogou junta de 1999 a 2011, fez toda a diferença. “Já estava escuro e eu não conseguia ver a caída do último putt”, conta Scott. “Chamei Steve e perguntei se era um copo à esquerda”, explica. “Pelo menos dois, ele respondeu”, continua. “Confiei nele e emboquei”.

Diferencial – Não era o primeiro putt decisivo que Scott embocava com a ajuda de Steve, que agora igualou o ex-patrão e também tem 14 majors na conta. Na primeira vez no 18, no último buraco do jogo, a dupla também estudou junta o putt de seis metros para birdie que deu a Scott uma volta de 69 tacadas (-3), a melhor entre os cinco primeiros colocados, e o deixou líder na sede, com nove abaixo, restando apenas Cabrera em campo, com oito abaixo, com chances de alcança-lo.

Era uma final emocional para Cabrera, que pela manhã contou que queria dar o título de presente a Roberto de Vicenzo, o Mestre do golfe argentino, que completava 90 anos nesse domingo e nunca pode vestir a jaqueta verde, porque, em 1968, assinou não um cartão com resultado menor, como aconteceu com Woods na sexta-feira, mas um com uma tacada a mais, que valeu e o tirou do playoff.

Filhos – Cabrera, de 43 anos, já com dois majors, mas número 273 do ranking mundial de golfe, que jogava com o filho, Cabrera Júnior em sua bolsa, tentava emular o feito de Jack Nicklaus, que venceu seu 18º e último major e seu sexto Masters, em 1986, aos 46 anos, tendo como caddie o mais velho de seus cinco filhos, Jackie. O vice-campeonato ao menos recolocou Cabrera em seu lugar de direito no ranking mundial de golfe, em 64º lugar, como único latinoamericano entre os 100 primeiros. Scott, por sua vez, passou de sétimo para terceiro do mundo, atrás apena de Rory McIlroy, no número 2, e de Tiger Woods.

O argentino venceu seu primeiro major no US Open de 2007, no Oakmont Country Club, na Pensilvânia, e o segundo em Augusta, em 2008, num tríplice playoff contra Kenny Perry e Chad Campbell. Uma vitória em Augusta este ano daria a Cabrera um recorde difícil de superar: seus três títulos no PGA Tour seriam todos conquistados em majors. E por ter já vencido um playoff em Augusta, e por sair pela terceira vez em cinco anos no pelotão de domingo do Masters, acreditava-se que ele era o favorito nos buracos extras deste ano.

Merecimento – Mas o título major de Scott estava mais do que maduro. O australiano de 32 anos – exatamente a idade média dos campeões do Masters – já tinha nove Top 10s em majors, cinco deles nos últimos nove torneios que disputou, incluindo um vice-campeonato em Augusta, em 2011, e um vice-campeonato no British Open, em 2012, onde entregou o título com quatro bogeys nos quatro buracos finais. Seu swing sempre foi um dos melhores do circuito, assim como seu jogo curto. Faltava o putt, que ele resolveu adotando um vassourão, um putter longo cujo cabo ele apoia no peito.

Só que Scott passou todo o domingo brigando com seus putts, que, invariavelmente, ficam curtos – às vezes perigosamente curtos – do buraco. O australiano abriu a volta com um bogey no 1, mas depois não devolveu mais tacadas para o campo. E se o putt lhe faltou por 17 buracos, funcionou quando precisava, no putt de seis metros no 18 que o levou ao playoff, e no putt de quatro metros no 10, que lhe deu o título.

Adrenalina – Scott teve ainda que jogar o playoff após uma grande descarga de adrenalina, daquelas de deixar o corpo mole, quando extravasou, gritou, abraçou Steve e comemorou como nunca, ao deixar o campo como líder na sede. Ele não contava com o ferro 7 que Cabrera deixou a um metro do buraco para também ir a nove abaixo e foçar o playoff. O argentino ainda lhe deu outro susto, quando os dois ficaram curtos do green do 18, no primeiro buraco extra, e Cabrera, que jogou primeiro, quase embocou o chip que rolou no green e parou ao lado do buraco. O mesmo aconteceu com o putt do argentino no 10, segundo buraco do desempate, mas aí foi a vez de Scott embocar.

O Masters de 2013, o 77º da história, teve ainda outro ganhador: o chinês Tianlang Guan, campeão amador asiático de 14 anos, que se tornou o mais jovem jogador da história a jogar e a passar o corte em um major. Ele foi o único penalizado por jogo lento na rodada de sexta-feira, que levou seis horas para todos, mas nem a tacada de penalidade foi capaz de lhe tirar do final de semana e de ter a honra de receber o prêmio de melhor amador, dar entrevista e participar a cerimônia onde Bubba Watson entregou a jaqueta verde a Scott, seu sucessor.

Pressão – Woods, que quando pisar em Augusta, em 2014, estará há nove anos sem vestir a jaqueta verde, e que no US Open, dentro de dois meses, completa exatos cinco anos sem aumentar sua conta de 14 majors, mostrou que sentiu, no final de semana, a pressão da confusão em que se envolveu ao dropar de forma irregular no buraco 15, na volta de sexta-feira. Isso fez com que ele fosse penalizado em duas tacadas, no dia seguinte, pelo seu erro, e ter seu nome envolvido na discussão sobre por que ele não foi desclassificado por assinar um cartão errado. Algumas jaquetas verdes terão que ir para a lavanderia.

Sábado, Woods fez três bogeys nos 11 primeiros buracos para jogar 70. No domingo, estava duas acima, sem nenhum birdie, no tee do 9, quando reagiu tarde demais, com quatro birdies, a tempo de terminar empatado em quarto lugar, a quatro tacadas do playoff. Mesmo assim, não quebrou as 70 tacadas em nenhum dos quatro dias. Scott jogou três voltas de 69 e Cabrera foi o único entre os 93 participantes a jogar abaixo do par nos quatro dias do torneio.

Maduro  – Jason Day, que abriu a volta com birdie e eagle e liderava por duas tacadas quando chegou ao tee do 16, era para ser o jogador que daria à Austrália seu título do Masters. Mas depois dos três birdies seguidos do 13 ao 15, fez bogeys no 16 e 17 e ficou a duas tacadas do playoff quando tanto Scott quanto Cabrera fizeram birdie no 18. Day vinha de um segundo lugar no Masters em 2011 e, desta vez, terminou em terceiro. Outro major que está maduro e deve ser colhido em breve.

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