Meninas se rebelam contra coach e fazem melhor volta do Mundial

06/09/2014


Equipe comunicou ao chefe da delegação que não aceitaria mais a interferência de Case


Brasil: melhor resultado, na volta final, mostrou que o potencial da equipe era bem maior do se lhe permitiu mostrar
Clara, Luiza e Luciane: melhor resultado, na volta final, mostrou que o potencial da equipe era bem maior do lhe foi permitido mostrar

por: Ricardo Fonseca

Depois de pedir, na noite anterior, uma reunião com Paulo Pacheco, presidente da Confederação Brasileira de Golfe, chefe da delegação e que foi improvisado como capitão da equipe, para comunicar que não aceitariam mais as “influências negativas e críticas destrutivas” do “coach” inglês Shaun Case, a equipe do Brasil, de alma lavada, fez sua melhor volta do Campeonato Mundial Amador Feminino de Golfe por Equipes ao somar 147 tacadas e ganhar três posições na volta final da competição disputada nos campos Iriyama e Oshitate do Karuizawa 72 Golf East, no Japão. Infelizmente não houve tempo para que o Brasil evitasse terminar com seu terceiro pior resultado na história do torneio, dois deles depois que o “coach” inglês foi contratado (veja tabela ao lado).

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Luciane Lee, que jogou 72, o par do campo Oshitate, o melhor resultado de todo o Brasil na semana, e Luiza Altmann, que marcou 75 (+3), compuseram o último parcial da equipe, que fez o país subir da 39ª para a 36ª colocação, empatado com mais dois times, entre 50 participantes. Desses, apenas 45 equipes puderam ser consideradas competitivas no Mundial feminino, pois três delas foram com apenas duas jogadoras, em vez de três, e duas entraram apenas por espirito esportivo, uma vez que suas golfistas sofriam para quebrar as 100 tacadas.

Tele-coach – Segundo fontes ouvidas pelo Portal Brasileiro do Golfe, a gota d`água na relação entre o “coach” inglês e a equipe, foram as críticas negativas feitas nos dias anteriores, quando as jogadoras se preparavam para entrar no campo. Case, que mora na Inglaterra, e viu pouquíssimas vezes as meninas, que moram nos EUA, em ação, teria criticado o golfe de Luiza, que desenvolveu seu swing com Sean Foley, então coach de Tiger Woods e ainda treina com a equipe desse que é um dos melhores treinadores do mundo, e criticado Luciane por ela ter jogado a seletiva para o LPGA, onde a brasileira se classificou com louvor para a fase seguinte, em vez de treinar para o Mundial.

Veja, ao lado, o histórico da participação brasileira no Mundial Feminino e como o time nacional acumulou seus três piores resultados nos três últimos torneios, dois deles sob o comando do “coach” inglês.

Pior do que isso teria sido dizer a elas que desse jeito não tinham futuro no golfe e interferir em sua tática, exigindo, sob ameaça de não serem convocadas no futuro, que fizessem layup num par cinco onde chagavam, como a maioria em campo, com duas no green. O “tele-coach” já havia feito isso com uma equipe juvenil do Brasil num sul-americano individual, exigindo que todos saíssem de ferro num par 5 em que todos batiam driver, também sob ameaça de não serem mais convocados. Os meninos obedeceram, constrangidos, e se tornaram chacota dos adversários que não entendiam o que estava acontecendo.

Força real – A volta de três acima, contra seis, sete e nove acima nos dias anteriores, prova que sem a interferência negativa do “coach” inglês, que ganharia, segundo fontes, US$ 5 mil por mês, fora despesas, nas poucas vezes por ano que vem ao Brasil, para dar palpites por telefone e internet, as meninas poderiam ter evitado o vexame de terminar tão mal numa competição onde tinham jogo para estar no meio do placar ou melhor. Um castigo que uma geração tão talentosa como essa, com as únicas esperanças do um futuro melhor para o golfe feminino do Brasil em curto e médio prazo, não merecia.

O 36º lugar é o terceiro pior resultado do Brasil no Mundial Feminino, só perdendo para o 42º lugar de 2010, na Argentina, quando a equipe sofreu com as condições precárias com que se preparou, viajou e competiu, e para o 44º lugar de 2012, na Turquia, na estréia do “coach” inglês Shaun Case. Antes disso o pior resultado brasileiro havia sido um 30º lugar, em 2004. Desde o último ano do século passado – 2000 – quando foi o 15º colocado, seu último resultado decente no torneio, o Brasil não termina entre os 20 primeiros no Mundial feminino, feito que anteriormente conseguiu 13 vezes em 16 tentativas, incluindo um terceiro lugar em Portugal, em 1976, três Top 10 e seis Top 15.

Atualização – Perguntado por e-mail sobre a reunião reivindicada pelas
jogadoras e as medidas que a CBG tomaria em função dos problemas relatados pelo
grupo, Paulo Pacheco limitou-se a dizer, que as “interpretações” eram
“completamente fora de propósito”, acrescentado: “nada tenho a
responder, a não ser agradecer”.

Dias depois de se negar a responder ao email e comentar a reportagem, a CBG publicou uma Nota de Esclarecimento, cuja resposta está no ar desde esta quarta, 10/09:

 CBG publica nota de esclarecimento sobre conflitos com o coach
Entidade não nega problemas nem reunião, mas prefere acusar imprensa de inverdades

Individual – Na classificação individual, Luciane Lee foi a melhor brasileira ao somar 300 (75-77-76-72) tacadas, 12 acima do par e ficar na 82ª colocação. Luiza Altmann, que era a melhor brasileira até a volta final, terminou uma tacada atrás, com 301 (75-74-77-75), 13 acima. Clara Teixeira somou 312 (75-80-80-77), 24 acima, para ficar em 116º.

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