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Nicotina pode ser considerada doping no golfe

21/09/2011

O tabaco está sendo monitorado pela WADA; uso ajudaria a aumentar desempenho esportivo

Jimenez: um dos atletas de ponta do golfe mundial que fuma reguralmente em campo

por: Ricardo Fonseca

A WADA, sigla em inglês de Agência Mundial Anti-Doping, pode dar o primeiro passo para classificar a nicotina como uma droga que aumenta o desempenho esportivo no próximo sábado, quando termina a reunião da entidade em Lausanne, na Suíça, que estuda mudanças na lista de produtos e métodos que serão considerados doping a partir de janeiro de 2012. A nicotina deve ser incluída na lista de substância monitoradas, primeiro passo para entrar para a lista das proibidas.

O alerta sobre a nicotina ser uma droga que melhora o desempenho esportivo foi dado por um laboratório suíço que fez um longo estudo sobre o tema e publicou os resultados no jornal Forensic Science International. Segundo o estudo, há “evidências alarmantes” de que a nicotina usada por atletas de 43 modalidades esportivas “aumenta a vigilância e a função cognitiva e reduz o estresse e o peso”. O estudo diz ainda que a nicotina também “provoca um significante aumento da pulsação, da pressão sanguínea, do açúcar no sangue e da liberação de epinefrina, devido a suas propriedades estimulantes e relaxantes”.

Droga atrativa – Segundo o estudo, o tabaco não-fumável (como o mascado por vários atletas, incluindo no golfe) é uma droga muito atrativa do ponto de vista do doping, por não provocar os males da inalação da fumaça no sistema respiratório. Testes feitos em amostras de urina de 2.185 atletas revelam que 15% deles usavam nicotina. Mas cafeína e até o Viagra foram encontrados com freqüência e podem também ser considerados doping em breve.

A maior porcentagem de uso de nicotina em atletas foi encontrada em atletas do hockey sobre o gelo, rúgbi e esqui, com destaque para os jogadores de futebol, onde 19% usam a nicotina antes ou durante a prática esportiva em sua forma não-fumável. No mundial de hockey sobre o gelo de 2009, quase metade dos atletas usaram nicotina.

Golfe – O uso da nicotina no golfe também é crescente no golfe e preocupa as autoridades da WADA agora que o esporte voltará a ser olímpico, a partir dos Jogos do Rio, em 2016. Darren Clarke, campeão do British Open, Miguel Angel Jimenez e Thomas Bjorn fumam regularmente em campo, enquanto muitos outros mascam tabaco durante os jogos – e tem o hábito nojento de cuspir os restos no gramado.

Quando a WADA monitora uma substância, como é o caso da nicotina, ela só se decide por incluí-la na lista de proibições se encontrar dois dos três critérios de inclusão: melhorar do desempenho esportivo, dano à saúde e quebra do espírito esportivo. Que a nicotina faz mal à saúde, ninguém mais duvida. Resta saber que o estudo do laboratório suíço será suficiente para convencer a WADA de um dos outros dois critérios. A Federação Internacional de Golfe adota a cartilha da WADA na íntegra, assim comotodos os circuitos profissionais do mundo.

Exemplo – Uma coisa é certa. Independente da WADA, o uso de tabaco em campo, durante os jogos de golfe, seja na forma de cigarro, charutos ou mascáveis, deveria ser terminantemente proibido pela Federação Internacional de Golfe por ser um péssimo exemplo para os jovens torcedores que acompanham o esporte ao vivo ou pela televisão. A Confederação Brasileira de Golfe já proíbe o uso de tabaco por juvenis em campo, embora muitas vez a prática seja tolerada, fazendo-se “vistas grossas”.

Dois dos jogadores convocados para representar o Brasil na Copa Los Andes, em novembro, fumam regularmente e foram aconselhados pelo novo preparador físico a largar ou diminuir drasticamente o tabagismo, como forma para se preparar para a maratona de jogos que vão enfrentar: 36 buracos por dia, num campo montanhoso e sob o calor do verão carioca. Um deles só teria condições hoje de jogar 18 buracos por dia.