08/11/2010
Veja entrevista do Muneki Tikasawa, novo presidente da Associação Nikkei de Golfe do Brasil.
Clique aqui para assistir a entrevista na versão para celulares.
Do começo ao fim, o 40º Campeonato Nikkei de Golfe do Brasil foi um exemplo de organização só possível numa comunidade tão disciplinada como a dos japoneses radicados no Brasil e seus descendentes. O torneio surpreendeu desde o início, ao colocar em campo o recorde de 231 jogadores que, apesar da chuva do primeiro dia, terminaram de jogar sem atropelos ou demoras. E terminou com um exemplo de honestidade, quando o juvenil Ivan Tsukazan, de Santos, o número 1 do ranking paulista, que vencera de virada e por três tacadas de vantagem, desclassificou a si mesmo depois que percebeu ter marcado um resultado menor do que o correto no penúltimo buraco.
Com isso, Enzo Miyamura, do Alphaville Graciosa, do Paraná, que começou o dia em sexto, mas havia empatado em primeiro no buraco 15, quando vinha duas abaixo do par, antes de fechar a volta com um duplo bogey no 16 e um bogey no 17, herdou o título do torneio que mais do que uma competição, é uma grande festa da colônia japonesa, a mais numerosa e mais importante do golfe brasileiro. Uma merecida vitória para Enzo, que apesar de ter abandonado as competições por causa do estudo e do trabalho, jogou 73 no domingo, a melhor volta do ensolarado domingo.
Destaques – Outro que se deu bem foi Guilherme Oda, de Bauru, o número 1 do Brasil, que começou o dia em primeiro, uma tacada à frente de Tsukazan, mas perdeu o posto logo no buraco 2, depois de abrir a volta com dois bogeys e ver o juvenil de Santos fazer o primeiro dos três birdies consecutivos que o deixariam em vantagem de quatro tacadas ainda no tee do 5. Tsukazan nunca mais perderia a liderança, depois de jogar duas abaixo de ida e cinco acima nos nove buracos finais.
A inesperada vitória deu a Enzo cinco troféus e o obrigaram a pagar com alegria excesso de peso em sua bagagem de volta a Curitiba: levou o Taça Nikkei; a Taça Embaixador, de posse transitória; a Taça Consulado do Japão, e a Taça Federação Paulista de Golfe, também transitória, além de uma réplica que ficará para sempre em seu poder.
Handicaps – Luiz Miyagi, a maior esperança do Arujá de ficar com o título, jogou duas voltas de 78 para ser terceiro colocado na classificação geral, mas ser campeão na categoria com até 11 de índex, com 138 tacadas, seis abaixo de seu handicap. Eduardo Higashi, de Bastos, foi o segundo colocado, com 143 (-1) seguido por Ademilton Queiroz, do Arujá, que superou Oscar Ishii, do Pará, uma das boas surpresas do torneio, nos critérios de desempate, após igualdade em 145 (+1).
Na 11,1 a 21,3, Ricardo Ota deu mais um título ao Arujá, com 136 (-6) tacadas, apenas uma de vantagem sobre o menino Pedro Nagayama, do São Fernando, o segundo colocado, que, como o campeão, jogou oito abaixo na volta final. Pedro, com um swing encantador para quem tem apenas 13 anos, é mais uma revelação entre os golfistas nikkeis do Brasil e ainda vai dar muito que falar. Gustavo Nagai, de Bastos, ficou em terceiro, com 139 (-5).
Feminino – Entre as mulheres, mais uma vitória de virada, desta vez de Ruriko Nakamura, do Lago Azul, que jogou 73 na volta final para somar 154, dez acima, e vencer Sílvia Sawada, do Arujá, a líder do primeiro dia, por seis de vantagem. Na categoria única com handicap, dobradinha do Alphaville, do Paraná, com Yaeko Azuma, em primeiro com 137 (-7) e Hiromi Suzuki, em segundo, com 143 (-1). Marise Sawada, do Arujá, ficou em terceiro com 160.
Foi grande também a participação de jogadores veteranos, com Mário Sawada levando mais um troféu para a família ao vencer a categoria sênior, com 154, contra 155 de Koshiro Mochizuki e 158 de Masato Murayama. Na sênior até 12,9, venceu Kazuo Nozawa, com 135 tacadas, seguido por Masato Murayama, com 138, e dois adversários com 140, Paulo Kokubo, terceiro colocado no desempate, e Yoshihide Momose.
Seniores – Junji Hisa venceu a categoria sênior de 13 a 23,8, com 138 tacadas, mesmo resultado de Yoshiuki Uesugi, segundo colocado no desempate. Keiji Okuyama jogou 140 para terminar na terceira posição. Já na super-sênior até 32,2 de handicap, ganhou Hirofumi Ikezaki, com 129, contra 133 de Masaki Sawada, e 135 de Takeshi Yamada.
Entre as mulheres veteranas, Lidia Sawada foi a melhor na sênior scratch, com 173 tacadas (86/87); Takako Inushi brilhou na handicap até 26,5 sênior, com 145 tacadas, e Miyoko Higashi ficou em primeiro na super-sênior até 30,7 de handicap, com 153 tacadas.
Associação – Muneki Tikasawa, ex-presidente do Arujá, comandou a festa da colônia este ano, depois de ter assumido, em setembro, a presidência da Associação Nikkei de Golfe do Brasil, com Yoshito Nomura, seu fundador, passando ao cargo de presidente honorário e do conselho da entidade. A Associação Nikkei de Golfe congrega mais de 3,5 mil jogadores.
Os nikkeis são particularmente importantes nas federações de São Paulo, Paraná (que tem um nikkei, Arata Hara, na presidência da federação estadual) e do Norte, tanto em número de jogadores, como no de clubes que comandam, muitos criados e mantidos pelas próprios nikkeis.
Denominação – Nikkei é a denominação dada em língua japonesa (日系) para os descendentes de japoneses nascidos fora do Japão ou para japoneses que vivem regularmente no exterior.
O termo reúne os isseis (imigrantes japoneses), os nisseis (filhos de japoneses), os sanseis (netos de japoneses) e os yonseis (bisnetos de japoneses). No Brasil, onde a colonização japonesa começou oficialmente em 1908, ainda não há as demais gerações: gosseis (trisanetos), rokusseis (tetranetos), e shichisseis (pentanetos de japoneses).
O maior campeão da história do Nikkei do Brasil entre homens e mulheres é Priscila Iida, ex-campeã amadora e número 1 do Brasil, que hoje é profissional no Japão. Ela é a segunda brasileira mais bem colocada no ranking mundial feminino, o que a coloca como potencial candidata para defender o Brasil na volta do golfe aos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, em 2016.
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