18/01/2016
Em muitos casos não há mais desclassificação automática nem penalidade por mover a bola
Sem medo de ser feliz: use as Regras do Golfe a seu favor!
por: Ricardo Fonseca
Seja por preconceito ou desconhecimento, há golfistas que veem as Regras do Golfe com tanta desconfiança que nem se dão ao trabalho de se interessar por elas. A verdade é que conhecer as Regras do Golfe ajuda o golfista e evitar penalidades, conseguir soluções de continuidade do jogo melhores do que as mais óbvias e agora, com a publicação da versão 2016 do livro de Regras, também os ajuda a jogar com mais tranquilidade, sem a ameaça automática de desclassificação.
A primeira coisa que se deve saber sobre a edição 2016 das Regras do Golfe, é que ela veio para ficar por tempo indeterminado. Até agora, a cada quatro anos era lançada, obrigatoriamente, uma nova versão das Regras do Golfe e, a cada dois anos, um novo livro de Decisões. Isso acabou. Os livros agora tem duração indeterminada e ficarão em vigor até que seja necessários substitui-los.
Polêmica – Muito se falou – erroneamente, diga-se de passagem – sobre a proibição dos putters longos. Isso não é verdade. O que foi proibido foi a ancoragem do putter – Regra 14-1b -, um terceiro ponto de apoio além das duas mãos (peito ou queixo, com os chamados putters longos; barriga, com os belly putters). Ou seja, fez-se uma nova regra sobre como jogar, e não com o que jogar. Os putters longos continuam permitidos. É só fazer a tacada como permitido. A penalidade por infringir a Regra são duas tacadas no stroke play e perda do buraco no match play.
A polêmica da ancoragem dos putters ganhou tanto destaque que ofuscou mudanças muito mais importantes para os golfista. Punições injustas não são mais automáticas e agora muitas dependem de avaliação, caso a caso. Entre as mudanças mais benéficas estão a que permite ao golfista não ser desclassificado automaticamente quando assina um cartão com resultado menor do que o real; elimina a penalidade por mover a bola quando isso não é resultado de uma ação direta do jogador; e permite ao jogador escapar da desclassificação no caso da primeira violação por uso de dispositivos ou equipamentos em desacordo com as Regras, como pesos ou varas de treinamento, ou uso de medidores de distância que também informem a inclinação do terreno.
Cartão errado – Assinar cartão com resultado menor do que o real – Regra 6-6d – era punido automaticamente com a desclassificação. Isso agora não acontece mais se o jogador entregou o cartão errado a menos porque não tinha como saber de uma punição, como uma bola ligeiramente movida que só a câmara de tevê em alta definição viu. Nesses casos, acrescenta-se a penalidade devida e mais duas tacadas por ter entregue cartão errado e altera-se o resultado final. No caso mais comum de bola movida, há uma penalidade por mover a bola, outra por não retorná-la ao local de origem, e duas por entregar o cartão errado: total de quatro tacadas de penalidade, ainda assim bem melhor do que a desclassificação.
Isso não salvaria a pele do jogador no caso inverso, de assinar um resultado maior do que o real, que continua a ser aceito sem mais penalidades. Assim, mesmo com as Regras de hoje, Roberto de Vicenzo que assinou um quatro no buraco 17 do Augusta National, em vez das três tacadas que realmente jogou, ainda ficaria com um 66 e não 65 no placar e Bob Goalby ainda ganharia o Masters de 1968 sem precisar ir ao playoff contra o argentino.
Bola movida – A antiga Regra 18-2b presumia automaticamente que se a bola se moveu após o jogador tomar o stance, a culpa era do jogador e ele devia ser penalizado em uma tacada (uma segunda penalidade se não voltasse a bola à posição original). Depois de evidentes casos em que o jogador não provocou o movimento da bola (vento forte, declives acentuados) a versão 2012 das Regras do Golfe criou uma exceção à Regra 18-2b cobrindo situações em que era “sabido ou virtualmente certo” que o jogador não provocou o movimento da bola.
Agora, o artigo inteiro foi retirado: A Regra 18-2b deixou de existir eximindo o jogador de penalidade se a bola se moveu por causas naturais, como o vento forte. Mas é obrigatório ler a Regra 18 já que há uma série de circunstâncias em que não há penalidade caso o jogador tenha movido a bola sem querer (reparando buraco ou a marca da bola, medindo, levantando a bola quando permitido, retirando impedimento solto no green e retirando obstrução móvel). Em tempo: sem ler e entender as Definições (que explicam o exato sentido de cada palavra) nada disso vai servir para você… As Definições, para quem ainda não foi apresentado, ficam logo no começo do livro de Regras.
Dispositivos e equipamentos – A Regra 14-3 (Dispositivos artificiais, Equipamento incomum e Uso indevido de equipamento) é outra que ficou mais justa. Se um desses casos acontecer durante a rodada, em vez de desclassificação o jogador paga duas tacadas de penalidade. Mas, atenção. Isso só vale para a primeira infração à Regra14-3. No caso de uma segunda, a pena ainda é de desclassificação.
Amadores – As Regras que determinam o status de amador permitem que o jogador compita por prêmios que não excedam os US$ 750 (aproximadamente R$ 3 mil). Agora esse valor pode ser excedido, de acordo com a nova Regras 3-1b desde que o prêmio em dinheiro ou equivalente seja destinado a uma instituição de caridade previamente aprovada. Isso permite que amadores de alto desempenho participem de exibições com fins beneficentes, sobretudo em casos de arrecadações emergenciais para desastres naturais.
A Regras 4-4 também foi alterada para explicar que os amadores podem receber despesas razoáveis para atividades não relacionadas ao jogo em si, como passagens e hospedagens para os torneios (mas não taxas de inscrição).
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