Profissionais abandonam PGA do Brasil e racham golfe

23/04/2012


Cerca de 15 de jogadores devem se desligar da entidade e passar a competir pela CBG



PGA do Brasil e CBG: golfe profissional brasileiro dividido pela falta de acordo entre entidades

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por: Ricardo Fonseca

(Atualização – retificando o número de jogadores que devem se desfiliar) – Cerca de 15 profissionais de golfe que disputam torneios (e não mais de duas dúzias, como informamos anteriormente) já assinaram suas cartas de desfiliação da PGA do Brasil para passar a competir por um departamento profissional que será criado na Confederação Brasileira de Golfe (CBG) para acolhê-los, rachando definitivamente o mais importante setor deste esporte no Brasil. As cartas de desligamento estão com o profissional Rafael Barcellos, um dos membros do movimento separatista, que está reunindo os documentos em São Paulo e deverá entregá-los na tarde desta segunda-feira, na sede da PGA do Brasil.

A intransigência das duas entidades levou esse grupo de profissionais a esta decisão. A PGA do Brasil insistiu em multar dez de seus membros por não pedirem autorização por escrito – o que estaria previsto em regulamento – para disputar o L`Occitane, em Trancoso, na Bahia, torneio que não tinha a sua chancela e nem pagou os 10% dos prêmios para a entidade. Os organizadores do evento da Bahia preferiam fazer o torneio com apoio da CBG, que usou o ranking dos três torneios do CBG Pro Tour de 2011 para convidar os participantes, e não o ranking da PGA do Brasil, que foi alijada do processo.

Guarda-chuva – A CBG, por sua vez, não aceita mais negociar com a PGA do Brasil e ofereceu guarida aos jogadores que abandonassem a entidade, através de seu vice-presidente Paulo Pacheco, que participava da competição na Bahia, aonde se reuniu com os profissionais. Perguntada por e-mail sobre o assunto, a CBG não respondeu ao Portal Brasileiro do Golfe. A PGA do Brasil afirma ter mandado à CBG duas correspondências anteriores ao incidente, propondo negociações, mas diz sequer ter merecido resposta.

Após os incidentes da Bahia, 18 dos profissionais que participaram do torneio L`Occitane assinaram um documento afirmando que apoiariam todos os organizadores de torneio e que iriam jogar em todos os eventos, independente da entidade. Dez deles foram multados em um salário mínimo por não terem pedido a autorização por escrito para jogar na Bahia e Barcellos foi chamado à PGA do Brasil para se explicar sobre o documento em que se posicionavam sobre as futuras competições. Isso foi a gota d`água para o grupo que havia decidido responder unido caso algum deles fosse punido. Philippe Gasnier, que mora nos EUA, antecipou-se a todos e enviou a carta de desfiliação diretamente para a PGA do Brasil.

Incerteza – Muitos dos profissionais que estão deixando a PGA do Brasil não tem claro qual será seu destino. Uns dizem que estão apenas deixando a entidade e que não vão se filiar a nada. Outros dizem que vão ficar sob o “guarda-chuva da CBG”, expressão usada por Pacheco ao avisar que a entidade acolheria os jogadores que saíssem da PGA do Brasil. Outros apóiam a separação, mas vão competir na exterior e ficar longe desse tiroteio. Todos reclamam que a PGA do Brasil apenas cobra deles e não oferece nada em troca.

Muitos dos profissionais ouvidos estão felizes em não terem mais que dar 10% de seus prêmios para a entidade e nem pagar as anuidades e tacas de filiação. Os jogadores promovidos a profissionais este ano irão deixar de pagar a taxa de R$ 8 mil, de filiação à PGA do Brasil, enquanto os aspirantes promovidos a profissional em 2011, já pagaram R$ 2 mil e deixam de pagar os R$ 6 mil restantes. Entre os que estão abandonado a entidade há um vice-presidente e um diretor da PGA do Brasil

Patrocínio – O racha do golfe profissional vem num momento crucial para as duas entidades. A PGA do Brasil tem aprovados dois projetos de torneio através da Lei de Incentivo ao Esporte e tenta captar os recursos. O mesmo acontece com a CBG, que, prevendo esse racha, foi obrigada a lançar as datas dos quatro torneios do CBG Pro Tour deste ano sem o nome dos patrocinadores, que ainda não foram captados. Até a semana passada, havia apenas dois apoiadores para os eventos que vão distribuir R$ 400 mil em prêmios – R$ 100 mil por etapa – mas que custam quatro vezes esse valor.

Apesar do nome, o CBG Pro Tour de 2011, com três torneios de R$ 100 mil cada, foi feito através da Brasil 1, empresa de promoções que aprovou os projetos de Lei de Incentivo, captou os recursos e organizou os eventos, em parceria com a CBG. A Brasil 1, no entanto, foi absorvida pela A IMX, joint-venture formada pelos Grupos EBX e IMG Worldwide. Com isso, os projetos de Lei de Incentivo para o CBG Pro Tour de 2012 foram feitos diretamente pela CBG que ainda está tentando captar os recursos, com ajuda da IMX. Se não conseguir, terá que levar adiante os torneios prometidos com prejuízo ou desistir de alguns.

Fuga – Ninguém sabe ainda que efeito esse racha terá no futuro do golfe profissional brasileiro. Da última vez que a PGA do Brasil brigou com a CBG, há quase uma década, houve uma debandada geral dos patrocinadores do golfe profissional que não queriam envolver o nome das empresas em confusão. Com medo da bola dividida, muitos passaram a patrocinar o golfe amador e outros simplesmente deixaram o esporte. Nas próximas semanas vamos saber como o mercado reage a mais esta briga.

A PGA do Brasil foi fundada há 41 anos para cuidar do golfe profissional, o que fez com sucesso por mais de três décadas. Entre seus presidentes estiveram Rafael Navarro e Pricillo Diniz, dois dos maiores profissionais do golfe brasileiro. O próprio Rafael Barcellos foi importante dirigente da entidade. Até 2010, a CBG jamais se interessou pelo golfe profissional. Só a partir da volta do golfe aos Jogos Olímpicos, a CBG decidiu que organizar o golfe profissional era função dela, entrando em rota de colisão com a PGA do Brasil.

Futuro – O que não está certo também é o destino dos demais golfistas profissionais que não competem, mas exercem funções sem as quais o golfe não existiria. Os profissionais de competição são apenas uma parte da PGA do Brasil, que cuida ainda da formação de novos profissionais e aspirantes, formação de professores de golfe e profissionais que exercem funções de head-pros, greenkeepers, starters e outras. Até agora a CBG só se interessou pelos profissionais de competição, ficando os demais sob os cuidados da PGA do Brasil.

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