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Regras do Golfe: prêmios para holes-in-one estão liberados

25/10/2011

R&A e USGA mudam muito pouco na regras de 2012 a 2015. Próxima mexida só em 2016

Pela primeira vez na história, o golfe vai ser jogado (quase) com o mesmo conjunto de regras, independente do país ou circuito. Fica faltando apenas a unificação dos grooves, hoje diferentes
para profissionais

Faça o download das Regras do Golfe 2012-2015, em inglês, clicando aqui (em .pdf)

Faça o download do Estatuto do Amador 2012-215, em inglês, clicando aqui (em .pdf)

por: Ricardo Fonseca

Atenção: essas mudanças só valem a partir de 1º de janeiro de 2012!
A revisão quadrienal das Regras do Golfe decepcionou quem esperar mudanças mais profundas no início da nova Era Olímpica, como permitir drope sem penalidade para bolas em divots; reparar marcas de spikes nos greens; acabar com a distinção entre água frontal e lateral; ou deixar apenas a penalidade de tacadas – e não de distância – para as bolas fora de campo, que estão na lista das Dez Mais no desejo dos golfistas de todo o mundo. Seriam mudanças que permitiriam acabar com injustiças e facilitariam o entendimento do esporte pelo público novo que se espera trazer para o golfe.

A mudança mais bombástica foi feita pelo R&A, responsável pelo golfe em todo mundo, incluindo o Brasil (menos nos EUA e México, comandados pela USGA). A partir de janeiro de 2012, o Estatuto do Amador do R&A, que antes limitava os prêmios para hole-in-one em 500 libras, passa a permitir prêmios de qualquer valor, seja em dinheiro ou carros, por exemplo, como já era permitido pela USGA. Na prática, pouca coisa muda, pois essa era uma regra desrespeitada em todo o mundo, ou de forma descarada, ou através de subterfúgios como sorteios e concursos que davam os prêmios justamente a quem tinha feito o hole-in-one. O R&A apenas se adaptou à realidade.

Injustiças – Ao menos uma das grandes injustiças foi reparada com a alteração da Regra 18-2b (Bola movida depois de tomado o stance). Agora se for sabido ou virtualmente certo que o jogador não provocou o movimento da bola no green, ela deve ser jogada de sua nova posição, sem penalidade (antes havia uma tacada de penalidade e a bola tinha que ser reposta em seu local original sob pena de mais uma penalidade).

O exemplo mais plausível é quando um vento forte move a bola sem que o jogador, mesmo tendo tomado o stance, tenha contribuído para isso. É o mesmo que acontece quando a bola no green se move antes do stance. Mas, reparem no grifo! Na volta final do British Open deste ano Rory McIlroy foi penalizado depois que o vento moveu sua bola no green do 7, depois de tomado o stance.

Stance – Em compensação, nas Definições que abrem o livro de Regras de Golfe, ficou claro que para ser considerado que o jogador se preparou para bater na bola (capítulo: Addressing the Ball) tão logo ele tenha colocado seu taco no chão, na frente ou atrás da bola, sem necessidade de acabar de tomar o stance, colocando os pés em posição.

Outra injustiça foi reparada no caso da Regra13-4 (Bola no hazard; ações proibidas). A exceção 2 dessa Regra sofreu uma alteração para permitir que o jogador alise a areia ou o chão com o único propósito de manter o campo bem cuidado e que ele não infrinja a Regra 13-2 (melhorar o lie; a área pretendida para o stance ou swing; ou a linha de jogo).

Banca similar – Mais uma Regra que já existia na prática na USGA, desde 2008, pouco depois de o atual livro de Regras entrar em vigor, para permitir que uma banca de fairway, por exemplo, fosse aplainada, mesmo que o jogador tenha ido parar na banca do green (antes da emenda feita via Condições de Competição pela USGA, mexer numa banca antes de jogar da outra, no mesmo buraco, era punido por o jogador ter testado um “hazard similar”, ou seja, o caddie teria que voltar para arrumar a primeira banca mais tarde, atrasando o jogo).

O responsável involuntário por essa mudança foi Stewart Cink, que foi desclassificado do Zurich Classic de 2008 por assinar um cartão errado com resultado menor, sem as duas penalidades por infringir involuntariamente a Regra 13-4. O drive de Cink no buraco 15 do TPC Louisiana parou quase dentro de uma banca do fairway. Ele entrou na banca para estudar o lie, saiu e deu uma tacada de 180 jardas que foi parar em outra banca, ao lado do green. Seu caddie, diligente, rastelou a banca da raia e eles foram adiante, sem se dar conta da infração à Regra. Uma injustiça tão gritante que a USGA emendou a Regra por contra própria um mês depois e a colocou em vigor.

Atrasados – Uma boa facilitada para a vida de quem vive em grandes cidades de tráfego intenso foi dada com a mudança na Regra 6-3a (Horário de saída) para quem chega atrasado em até cinco minutos para dar sua primeira tacada. O que antes só era permitido via Condições de Competição (e na prática ninguém adotava essa permissão), agora é lei, ou seja, se o atraso for inferior a cinco minutos o jogador pode começar sua rodada com duas tacadas de penalidade (stroke play) ou com a perda desse buraco (match play). Antes a pena era de desclassificação nos dois casos.

Uma última, só para os estudiosos. A Regra 1-2 (Exercendo influência sobre o movimento da bola ou alterando condições físicas) foi emendada para deixar claro que a Regra 1-2 só se aplica quando a situação não estiver coberta por outra regra. É o caso de melhorar o lie, quando a Regra13-2 deve ser aplicada. Se, por exemplo, um jogador melhorar intencionalmente o lie de seu parceiro, a Regra 13-2 não se aplica, mas a Regra 1-2 tem que ser usada.

Unificação – Para comemorar o que seriam as primeiras Regras de Golfe universais da história, ou seja, válidas tanto para a USGA como para o R&A, independente do país e do circuito, o novo livro com a Regras de Golfe 2012-2015 terá pela primeira vez a mesma capa, formato e apresentação (mudam apenas os logos da entidade e a grafia de algumas palavras em inglês que diferem no novo e no velho continente). Mas, independente da propalada unificação, os profissionais ainda jogam com tacos diferentes, com grooves que ainda não são exigidos dos amadores.

Há ainda outras pequenas mudanças que são muito específicas e sobre as quais falaremos oportunamente. E, lembre-se: em caso de dúvida, consulte sempre um árbitro e, em caso de competição, um dos árbitros oficiais do torneio pois só a decisão deles é lei.