25/10/2021
Gabriela Castro vence no feminino e torna-se, aos 13 anos, a mais jovem brasileira no Ranking Mundial
Breno Domingos e Gabriela Castro, com Ademir Mazon. Fotos: Thais Pastor/F2 Assessoria
O dia era para ser do gaúcho Andrey Xavier, do Santa Maria, que começou a volta final vencendo por seis tacadas, em busca de seu quinto título consecutivo válido para o ranking mundial amador de golfe (WAGR), e que poderia vencer até sem entrar em campo, uma vez que mais de 40 mm de chuvas torrenciais estavam previstas para a hora de jogo. Mas os temporais passaram ao largo do Damha Golf Club, em São Carlos, e permitiram que Breno Domingos, de Japeri, fizesse a melhor volta de sua vida para quebrar o recorde do campo e vencer de virada o Sportsbet.io 72º Campeonato Aberto de Golfe do Estado de São Paulo, a mais importante competição paulista e uma das maiores do Brasil.
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Enquanto no masculino viu-se a importância dos projetos sociais, que revelaram em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e em Japeri, no Rio de Janeiro, dois dos maiores talentos do golfe brasileiro da atualidade, no feminino, o que se viu foi a força de uma nova geração, com cinco meninas de até 16 anos terminando entre as seis primeiras colocadas e Gabriela Castro, do São Fernando, de apenas 13 anos, virando o jogo sobre Marina Nonaka, a número 1 do Brasil, de 16 anos, para se tornar a mais jovem brasileira a entrar para o WAGR.
Recorde – Breno, que começou a volta final em segundo lugar, no par do campo, teve um começo tímido, jogando uma acima nos oito primeiros buracos, mas a partir daí, desencantou. Fez um eagle-3 no buraco 9, a caminho de jogar nove abaixo nos dez últimos buracos, 29 de volta, incluindo um novo eagle-2, no 15, onde embocou de muito longe. Breno terminou com esse eagle e quatro birdies seguidos para bater o recorde do Damha para o tee dourado, o mais longo do campo, e vencer com 208 (72-72-64) tacadas, oito abaixo do par.
“Eu achei que tinha empatado o jogo com o birdie no 18”, contou Breno, com os olhos mareados, ao descobrir que vencera Andrey, que também fez birdie no 18, por uma. “Foi o melhor jogo de minha vida e só tenho a agradecer tudo o Campo Público de Japeri fez por mim”, diz o campeão, que escapou do destino de violência que espera as crianças de sua cidade, a com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Rio de Janeiro, graças ao golfe.
Campo público – “Eu tinha dez anos quando os caddies do Gávea Golf, que ajudaram a criar o campo público me indicaram para o projeto que Vicky Whyte (ex-presidente da Federação do Rio), tornou realidade com ajuda de sócios e empresários do Gávea”, conta Breno, que aprendeu golfe e fez reforço escolar em Japeri, onde ficou até 18 anos, antes de ser contratado para trabalhar no clube, o que lhe permitiu fazer faculdade e estar perto de se formar. “Japeri hoje mantém umas 100 crianças, que como eu, tem a chance de escapar do crime, e temos outras 100 em fila de espera”.
Breno, de 24 anos, havia acabado de entrar para WAGR ao vencer o Aberto do Itanhangá, no Rio de Janeiro, dias 10 de outubro, onde superou os melhores jogadores fluminenses, incluindo outros dois que saíram de famílias de baixa renda, como Humberto Rodrigues, revelado em Japeri, e hoje no Campo Olímpico, e Deivid Barbosa, de Vitória, filho de um funcionário do Clube Capixaba.
Virada – O mais importante na vitória de Breno é que ela se deve exclusivamente ao seu talento. Andrey Xavier, número 1 do Brasil e Top 50 do ranking mundial, onde deve subir ainda mais esta semana, fez a sua parte ao ser o único a jogar os três dias abaixo do par do campo e ser líder até o buraco 17 da volta final, quando Breno passou à frente. Andrey, é verdade, não começou bem o domingo, jogando três acima nos primeiros dez buracos, mesmo com dois birdies, mas depois reagiu. Fez quatro birdies nos últimos oito buracos para ser vice-campeão com 209 (71-67-71) tacadas, sete abaixo do par
Andrey elogiou muito a vitória de Breno e se disse feliz por perder para outro menino, que como ele, saiu de famílias de origem humilde, graças à Escola de Golfe Boa Bola, de Livramento, na fronteira com o Uruguai, que antes dele já havia revelado os Herik Machado, que foi por vários anos o amador número do Brasil, que virou profissional e Sandro Gonçalves, entre muitos outros.
Destaques – Lucas Park, do Paradise, número 3 do Brasil, saiu no grupo dos líderes, meio como coadjuvante, para começar e terminar em terceiro, com 213 (72-73-68) tacadas, três abaixo. Mas ele embocou um putt longo no 18 para fazer seu sexto birdie do dia e terminar com a terceira melhor volta de todo o torneio. Ninguém mais terminou abaixo do par. Victor Maciel dos Santos, do Alphaville, que embarcou na noite deste domingo para estudar e jogar no Texas (EUA), ficou em quarto, com 216 (75-71-70), o par do campo, seguido por outros três paranaenses: Homero de Toledo, do Alphaville, com 220 (73-74-73); Ricardo Correia, diretamente filiado à Federação Paranaense e Catarinense, com 221 (75-75-71), e Jair Benke Junior, do Pine Hill, com 222 (73-75-74).
Na classificação por handicaps até 8,5, o campeão foi Victor Maciel, com 207 (72-68-67) tacadas, nove abaixo. O pódio foi completado por Lucas Park, vice, com 210 (71-72-67), e por Hilton Couto Filho, do Green Village, com 212 (75-70-67). Hilton foi ainda o campeão pré-sênior (40 a 54 anos), com 236 (83-78-75), e Rogério Cardoso, do Damha, o vice com 237 (83-74-80). Entre os seniores (55 anos ou mais) venceu Mario Ghisalberti, do Japy, com 262 (89-89-84), e o vice foi Danilo Baruque, capitão do Damha, com 265 (92-92-81).
Mais premiados – Nas demais categorias masculinas, que jogaram apenas dois dias (36 buracos), foram premiados o melhor resultado gross (sem descontar o handicap) e os dois melhores nets. Na 8,6 a 14, o campeão gross Ricardo Costa Pinto, do Associação Esportiva São José, com 158 (83-75), e os melhores net foram de André Simão, do Damha, campeão com 137 (66-71) e Leandro Metzner, do Arujá, vice com 138 (70-68).
Na 14,1 a 19,4, o campeão gross foi Flávio Larini, do Arujá Golf Club, com 169 (87-82), enquanto na net o campeão foi Edison Hirano, do Riacho Grande, com 131 (69-62), e o vice Célio Massao Kanesaki, do Sapezal, com 133 (64-69). E na 19,5 a 25,7, o campeão gross foi Rodrigo Moreira Borges, o Peixe, do Terras de São José, com 178 (88-90), enquanto no net vencia o sênior José Geraldo Dontal, do Sapezal, com 140 (68-72), enquanto Enzo Meibach Fonseca, do Damha, era o vice com 146 (73-73).
Feminino – No feminino, o Sportsbet.io Aberto do Estado de São Paulo, consagrou uma nova geração de talentosas meninas que teve, entre as seis primeiras colocadas, três pré-juvenis, duas de 13 anos e uma de 14 e duas juvenis de 16 anos; além de uma jogadora de 19 anos. Durante todo o torneio a disputa do título, no entanto, se concentrou entre Gabriela Castro (13), do São Fernando, e Maria Luiza Soares (14), do Porto Alegre Country Club, e Marina Nonaka (16), do Arujá.
Gabriela começou o torneio em segundo lugar, mas no segundo dia chegou a liderar por quatro tacadas, antes de errar muito no final, onde fez dois duplos bogeys, e chegar à decisão de domingo perdendo por uma tacada para Marina, a número 1 do Brasil, cedeu o empate por duas vezes durante a rodada final, mas liderou até o buraco final, o 9, de par 5, onde chegou ganhando por uma. Gabriela não conseguiu chegar ao green com a terceira tacada, dando a chance de Marina vencer com um par, mas ele errou o green pela direita e sua bola voltou para dentro do lago.
Virada – Gabriela jogou primeiro e deixou a bola muito perto da bandeira para salvar o par e terminar com 232 (77 -78-77) tacadas, 16 acima. Marina dropou e jogou a quinta tacada para dois metros da bandeira, mas não conseguiu “salvar” o bogey que levaria o jogo para um desempate. A número 1 do Brasil terminou em segundo, com 233 (75-79-79) tacadas, seguida por Maria Luiza, com 236 (78-78-80). A gaúcha esteve na disputa pelo título até o buraco 5, seus 14º do dia, mas devolveu três tacadas no final, incluindo um duplo bogey no 9.
A mais jovem brasileira a entrar para o WAGR nem pensava em ranking mundial quando entrou no torneio e se emocionou ao saber que, a partir de agora, iria pontuar em todos os torneios válidos que disputasse. Gabi, na verdade, jogava tênis, mas quando se afastou com uma lesão no ombro, decidiu tentar o golfe, que só tinha jogado de brincadeira, passando a treinar para valer a menos de três anos, no São Fernando. “Agora o que quero mesmo é seguir com o golfe e ir estudar e jogar nos Estados Unidos”, conta Gabi, que se prepara para disputar mais um torneio do ranking mundial, o South American Championship, do Brasil Kids Golf Tour, de 6 a 8 de novembro, no Campo Olímpico e no Itanhangá.
As outras meninas que se destacaram no feminino foram Maria Eduarda Rassier Cheuiche (13 anos), do Dunas (RS), quarta colocada com 251 (84-85-82) tacadas, empatada com Beatriz Pinheiro (16), do Clube Curitibano (84-86-81). Em sexto terminou Samire Oliveira (19), do Arujá, com 253 (86-83-84).Na classificação por handicaps até 16, a campeã foi Ana Helena Cunha, do Londrina, com 217 (75-74-68). Maria Luiza Soares foi a vice, com 216 (72-72-74), seguida por Maria Eduarda Ferraz Souza, do Arujá, com 221 (76-75-70), E na 16,1 a 25,7, a campeã gross foi Cristina Rosel, do Damha, com 192 (93-99) tacadas. No net, venceu Sojeong Lee, do Clube de Golfe de Campinas, com 161 (82-79), enquanto Marisa Machado, do Damha, era a vice com 172 (85-87). Com esse, os golfistas do Damha ficaram com seis troféus, sendo dois de campeões e quatro de vices.
Latino-Americano – Mauro Batista, diretor executivo da FPGolfe, apresentou a entrega de prêmios. Ademir Mazon, presidente da entidade, que aproveitou para apresentar a equipe que viaja para defender o Brasil no Campeonato Latino-Americano GolfTV, na República Dominicana, de 1º a 6 de novembro. Os jogadores foram selecionados no 1º Campeonato Golfe Solidário Brasil União BR aberto a golfistas dos 113 clubes de golfe de 16 estados brasileiros e do Distrito Federal.
Os classificados são Eduardo Matarazzo Ferreira (Sapezal), Michel Thó (Goiânia), Eduardo Bradaschia (SPFCG), Hélio de Lima (Terras do Golfe – MS), Geraldo Dontal (Sapezal), Letícia Colombo (Lago Azul) e Sojeong Lee (Campinas). Viajam ainda quatro jogadores de Bauru, o clube que mais doou cestas básicas no Campeonato Golfe Solidário Brasil União BR, que disputarão o Interclubes, paralelo ao Latino- Americano. Ademir chefiará a delegação e será o capitão do Brasil.
Premiação – A mesa de premiação teve ainda Michele Batista, gerente geral do Damha; Danilo Baruque, o capitão do clube, e Emiliano Azevedo, representando o escritório Nilo e Almeida Advogados, além de dois representantes do Sportsbet.io, que teve os naming rights do evento: Kelly Paiva, Coordenadora de Parcerias, e Felipe Postigo, Vip Manager. Sportsbet.io tem ainda os naming rights do Aberto do Sapezal, que será jogado em dezembro, e é apoiador do Honda Golf Center, o centro esportivo da Federação Paulista de Golfe.
O Sportsbet.io 72º Campeonato Aberto de Golfe do Estado de São Paulo teve naming rights da Sportsbet.io, e apoios de MUUV, que ofereceu uma scooter Beach 4S como prêmio para hole-in-one no buraco 6, que ninguém levou, além de Nilo e Almeida Advogados, Carbon, Mazars, Avant, União BR, Real Cestas, Hansa Flex e The Golf Brasil, programa semanal de golfe do BandSports que fez a cobertura do evento. A organização foi da Federação Paulista de Golfe, com supervisão da Confederação Brasileira de Golfe e do R&A, como torneio válido para o WAGR.
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