19/07/2024
Rajadas de mais de 50 km/h arruinaram os sonhos de muitos favoritos. Tiger se despediu
Justin Rose: foto de Luke Walker/R&A/R&A via Getty Images
por Ricardo Fonseca
O conceito jurídico de “paridade de armas” aplicado ao golfe leva os organizadores de competições a inverter os horários de saída dos jogadores, que saem de manhã no primeiro dia e de tarde no segundo, ou vice-versa. Algo mais importante num torneio com 12 horas seguidas de tee times, das 6h35 às 16h27, aproveitando que no verão escocês se tem luz do dia até quase 22 horas.
Shane Lowry: foto de Oisin Keniry/R&A/R&A via Getty Images
Mas a isonomia pretendida nem sempre dá certo como neste 152º Open Championship, que teve a segunda rodada nesta sexta-feira, 19 de julho, no campo do Royal Troon, na Escócia, com condições de vento inversas às do primeiro dia, caprichos da natureza no campo que tem o slogan “Forged by Nature” estampado nas arquibancadas. O vento que costuma entrar mais forte à tarde, resolveu não colaborar na rodada de abertura.
Ajuda – Isso ajudou muito o irlandês Shane Lowry, campeão do torneio em 2019, a não só assumir a liderança, como ainda abrir duas tacadas de vantagem sobre os vice-líderes e chegar à metade do torneio cinco tacadas à frente dos três empatados em quarto lugar. Lowry jogou cinco abaixo no primeiro dia, quando começou às 14h59, quase sem vento (ventou muito mais forte pela manhã), e novamente pegou muito menos vento do que os demais nesta sexta-feira cedo, quando começou às 9h47 e jogou três abaixo, com dois birdies nos três buracos finais, para somar 135 (66-69) tacadas, e liderar com sete abaixo do par.
Dos 164 jogadores, apenas dez tinham totais abaixo do par ao completarem 36 buracos. Todos com números vermelhos no placar jogaram de manhã, à exceção do inglês Justin Rose, que saiu para o campo às 12h42 e pegou o pior do vento. Mesmo assim, o campeão olímpico do Rio 2016, que venceu seu único major há 11 anos (US Open de 2013), fez quatro birdies, dois deles nos três buracos finais, para jogar três abaixo, a melhor volta do dia, somar 137 (69-68), 5 abaixo, e dividir o segundo lugar com o também inglês Daniel Brown (65-72), o líder da véspera. Rose, que só entrou no The Open pelo final Qualifying, é o único além de Lowry com duas voltas abaixo de 70.
Tropeços – O vento de 30 km/h, com rajadas de mais de 50 km/h, atropelou muita gente importante para o torneio, que não passou o corte de seis acima do par. Bryson DeChambeau, o jogador com melhor desempenho nos outros três majors da temporada (campeão do US Open e vice do PGA Championship e sexto no Masters) amargou um 100º lugar com 151 (76-75), nove acima, e em muito boa companhia, dividindo o posto com Ludvig Aberg (75-76) e Tommy Fleetwood (76-75).
Pior ainda ficaram Tony Finau (71-81) e Viktor Hovland (75-77), que empataram em 114º, com 152 tacadas, 10 acima. E Rory McIlroy, 125º com 153 (78-75), e Cameron Smith, 133º, com 154 (80-74). E teve Tiger Woods, que se despediu do torneio, numa temporada em que só completou os quatro majors. Foi 60º no Masters e não passou o corte nos outros três, terminando em 143º no The Open, com 156 (79-77) tacadas, 14 acima. O escocês Colin Montgomerie sugeriu na véspera do torneio que Tiger aproveitasse os majors para se despedir e não gostou da resposta que ouviu.
Mais destaques – Entre os empatados em quarto, com 140 (70-70), duas abaixo, está Scottie Scheffler, campeão do Masters e disparado o número 1 do mundo. Eles são seguidos de perto por Xander Schauffele (69-73), Patrick Cantlay (73-68) empatados em sétimo, com uma abaixo.
Já a recuperação mais incrível do dia foi do chileno Joaquin Niemann. Depois de fazer uma lambança no cartão postal do clube, o buraco 8, par 3 de 120 jardas (111 ontem), onde foi de banca para banca, teve que jogar de lá para trás e não escapou de um quíntuplo bogey-8, recuperou-se com quatro birdies. Fechou a sua segunda rodada seguida no par do campo para empatar em 11º lugar, com 142 (71-71) e ser um dos sete jogadores em campo que nunca jogou acima do par.
O outro sul-americano a passar o corte foi o argentino Emiliano Grillo, em 28º, com 145 (71-74), três acima. E há ainda outro latino-americano no final de semana, o mexicano Abraham Ancer, que passou raspando em 69º, com 148 (73-75), seis acima. Dos 17 jogadores do LIV Golf em campo, 10 passaram o corte, com destaque para o sul-africano Dean Burmester, empatado em quarto com -2. Os outros são Niemann, Ancer, Dustin Johnson, Brooks Koepka, Jon Rahm, Adrian Meronk, John Catlin, Andy Ogletree e Phil Mickelson, de 54 anos, que soma 5 acima.
Tiger Woods: foto de Stuart Franklin/R&A/R&A via Getty Images
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