US Open: Spieth faz história com vitória dramática em Chambers Bay

22/06/2015


Segundo major consecutivo o coloca, aos 21 anos, a meio caminho do inédito Grand Slam


Spieth: história do golfe sendo reescrita no momento em que o esporte mais precisava de um novo ídolo americano para voltar a crescer
Spieth: história do golfe sendo reescrita no momento em que o esporte mais precisava de um novo ídolo americano para voltar a crescer

por: Ricardo Fonseca

Se alguém ainda duvidava que o golfe pode ser o esporte mais emocionante do mundo, a final do US Open, neste domingo, no dificílimo e muitas vezes injusto campo estilo links do Chambers Bay, em Seattle, acabou com elas. Pelo menos quatro diferentes jogadores tiveram chances legítimas de vencer o segundo major do ano nos buracos finais, e nada ficou definido até o último deles, quando Dustin Johnson, o D.J., deu três putts de quatro metros de distância para fazer apenas o par e consagrar Jordan Spieth, de 21 anos, que venceu por apenas uma tacada para se tornar o mais jovem campeão do US Open e do Masters da história.

Os troféus do quatro majors do golfe mundial estão agora em apenas duas casas. A de Rory McIlroy, que venceu dos dois últimos de 2014 – British Open e PGA Championship – e de Spieth, que levou para a sua os troféus dos dois primeiros majors do ano – Masters e US Open. McIlroy continua o número 1 do mundo, com média de 12,77 pontos, mas agora com Spieth, o número 2, mais perto do que nunca, com 11,06 de média. E ambos tem quase o dobro de pontos do mais próximo adversário, D.J., que como o vice-campeonato passou a ser o número 3 do mundo, com 6,97 de média.

Emoção – O quádruplo empate na liderança da véspera era um prenúncio do que ser veria neste domingo. Primeiro tivemos D.J., que jogou duas abaixo de ida para somar seis abaixo e liderar por duas, até começar a errar putts que lhe custaram bogeys no 10, 11 e 13. Aí veio o sul-africano Branden Grace, que vinha cinco abaixo até o 15 até bater uma madeira 3, até então seu taco mais confiável, para fora de campo, na linha do trem.

Enquanto Grace saía da disputa, outro sul-africano, Louis Oosthuizen (pronuncia-se Ustêizen, acreditem) fez seis birdies nos sete buracos finais, cinco deles em seguida, para ser o líder na sede, com quatro abaixo. Spieth, então, fez birdie no 16 para somar seis abaixo e abrir três tacadas de vantagem, apenas até mandar a primeira tacada no 17, um par 3, para o mato alto à direita do green, de onde até saiu bem, mas deu três putts para fazer duplo bogey. Foi na mesma hora que Oosthuizen fazia seu birdie final no 18 para empatar em primeiro e momentos antes de D.J, se recuperar com um birdie no 17 para deixar novamente o US Open com três líderes.

Decisão – Quando Spieth foi com a segunda para o green de par mutante do 18, jogado como 5 neste domingo, parecia que o jogo estava decidido. Ele deixou o putt para eagle a dedos do buraco e precisou apenas empurrar a bola para fazer birdie e ser o novo líder na sede, com cinco abaixo. Aí apareceu D.J. mais uma vez. Com um tiro ainda melhor do que o de Spieth ele colocou a segunda no green do 18, a quatro metros da bandeira. O eagle que lhe daria o título passou pela esquerda e só parou 1,3 metro depois do buraco. E o putt de volta para birdie, que forçaria um playoff de 18 buracos nesta segunda, tocou a borda esquerda no buraco e não entrou.

Fim de um drama onde os fãs de golfe vitam os melhores jogadores do mundo errar como eles, sentir a pressão como eles e mostrar que são diferenciados pelo mais importante para qualquer golfista, do iniciante ao número 1 do mundo: o poder de esquecer a tacada passada erguer a cabeça e se recuperar.

Voltas por cima – Oosthuizen abriu o torneio com um 77 que quase o fez perder o corte, abriu a volta final com três bogeys consecutivos e foi vice-campeão, só perdendo o título por uma tacada. D.J. foi péssimo nos putts na volta final e também foi vice, uma atrás do campeão. Grace fez duplo bogey no 16 e se deu chances no 17 e no 18, que não aproveitou. E Spieth sobreviveu a dois duplos bogeys, incluindo o de três putts no 17 na volta final.

Moral da história: profissionais e amadores erram; profissionais e amadores dão tacadas ruins e às vezes horríveis; profissionais e amadores sentem a pressão. Ninguém é perfeito, nem os campeões, que só se diferenciam pela habilidade de voltar ao jogo. Como Spieth, o novo grande ídolo da torcida americana e o adversário que o mundo do golfe tanto precisava para fazer frente a McIlroy.

Destaques – Spieth venceu com 275 (68-67-71-69) tacadas, cinco abaixo. Os vice-campeões, com quatro abaixo, foram Oosthuizen (77-66-66-67) e D.J. (65-71-70-70). Adam Scott (70-71-72-64) fez a melhor volta do torneio do domingo e apenas a segunda de toda a semana sem bogeys, para ficar a uma tacada do recorde do US Open e de qualquer major, somar três abaixo e empatar em quatro com o australiano Cameron Smith (70-70-69-68), o único sem voltas acima do par na semana, e com Grace (69-67-70-71). Charl Schwartzel, mais um sul-africano, ficou em sétimo com dois abaixo (73-70-69-66), seguido por Brandt Snedeker, com um abaixo (69-72-70-68), oitavo e último abaixo do par no total.

Rory McIlroy finalmente fez uma boa volta, chegou a ameaçar entrar na disputa após seis birdies no domingo, antes de fazer dois bogeys e ainda assim terminar entre os Top 10, empatado em nono, no par do campo (72-72-70-66). Ele dividiu o posto com o irlandês Shane Lowry (69-70-70-71) e com o australiano Jason Day, que sobreviveu a uma crise de labirintite que o derrubou no chão sábado, para ainda ser líder, mas não resistiu ao domingo (68-70-68-74).

Rei morto, Rei posto – Numa semana em que os recordes de Tiger Woods parecem ter entrado definitivamente para a história, uma vez que o ex-número 1 do mundo, hoje fora dos Top 200, nunca esteve tão frágil e incapaz de defendê-los ou melhorá-los, Spieth começa a acumular os seus. O americano é agora o mais jovem campeão do US Open desde Bobby Jones, em 1923. Spieth é o mais jovem a vencer dois majors seguidos, desde Gene Sarazen, em 1922. Ou seja, suas marcas tem como referência não Woods, mas os maiores golfistas de todos os tempos que o precederam.


Mais algumas marcas impressionantes de Spieth

*Venceu seu segundo major em dez torneio do Grand Slam;
*Venceu o US Open na quarta tentativa;
*Primeiro jogador desde Woods a vencer o Masters e o US Open no mesmo ano.
*Sexto jogador da história a vencer os dois primeiros majors do ano e se dar chances de lutar por um inédito Grand Slam. Os outros foram Craig Wood (1941), Ben Hogan (1951 e 1953), Arnold Palmer (1960), Jack Nicklaus (1972) e Tiger Woods (2002);
*Tornou-se o 15º jogador a ter títulos no Masters e no US Open
*Tornou-se o primeiro a vencer majors consecutivos desde McIlroy, em 2014.
*Tornou-se o 23º golfista da história a vencer majors consecutivos.
*Aos 21 anos e 329 dias, é o mais jovem campeão do US Open desde Bobby Jones, em 1923, aos 21 anos e 120 dias;
*Tornou-se o segundo mais jovem a vencer dois majors, atrás apenas de Gene Sarazen, que tinha 20 anos e 172 ao fazer o mesmo no PGA Championship de 1922.
*Tornou-se o quarto mais jovem a vencer dois majors. Os demais são Young Tom Morris (18 anos, em 1869), Gene Sarazen (20 anos, em 1922), e John McDermott (20 anos, em 1912);
*Tornou-se o 80º jogador com mais de um major;
*Tornou-se o 49º jogador a vencer dois diferentes majors ou mais;
*Liderou sete das oito rodadas dos majors de 2015;
*Tornou-se o sexto americano a vencer o US Open nos últimos 15 anos.


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