02/03/2015
por: Ricardo Fonseca
Segundo o Portal do Golfe apurou, apenas sete brasileiros, sendo seis profissionais e um amador, estão garantidos hoje no Brasil Champions, apresentado pelo HSBC, a etapa brasileira do Web.com Tour que será jogada de 12 a 15 de março, no São Paulo Golf Club, com US$ 850 mil em prêmios. Um evento deste porte costuma custar três vezes ou mais o valor de seu prêmio, ou seja o investimento total no maior torneio de golfe da América do Sul passa de US$ 2,5 milhões (R$ 7,1 milhões), com os custos variados, incluindo o de trazer Lee Trevino, campeão de seis majors, para promover o evento e jogar o Pro-Am.
Apesar de apresentado como um evento “de olho nas olimpíadas”, por dar pontos para o ranking mundial aos 14 primeiros colocados, o Brasil Champions poderá ter efeito contrário. Afinal, é o ranking mundial profissional de golfe que definirá que estará nos Jogos do Rio, sendo que o ranking final de classificação para o Golfe 2016 levará em conta apenas os torneios jogados entre julho de 2014 e julho de 2016. E há poucos brasileiros que preenchem este requisito em campo.
Fora do ranking – O Brasil tem hoje oito jogadores no ranking mundial de golfe. Mas dois deles – Philippe Gasnier e Odair Lima – deixarão a lista dentro de 15 dias, quando caducam os únicos pontos que tem, conquistados exatamente no Brasil Champions de 2014 (os pontos valem por dois anos). Como eles não receberam convites para o Brasil Champions e não tem cartão de nenhum circuito internacional, estão fora do Golfe 2016.
Dos seis brasileiros restantes no ranking mundial, mais um estará fora da disputa pelos Jogos do Rio: Fernando Mechereffe, que apesar de ter um cartão condicional do Web.com Tour, não recebeu convite para o torneio deste ano no Brasil, que seria sua única chance de conseguir jogar no circuito mundial – e marcar pontos – em 2015. Mechereffe dependia de um bom resultado no Brasil para melhorar sua prioridade de inscrição após a próxima reclassificação, uma vez que sua posição atual não lhe permitirá jogar nenhum torneio do Web.com Tour. Adeus Rio 2016 para ele também.
Convites – Dois oito convites a que o Brasil tinha direito, um ficou para o HSBC que, segundo informações, o destinou a um estrangeiro. Outros dois convites ficaram para o São Paulo Golf Club, que indicou Rafael Barcellos e Felipe Navarro, este depois que Erik Andersson, o head-pro do clube, abriu mão da vaga. Outro convite foi para André Tourinho, bicampeão brasileiro amador, com a obrigatoriedade de ele jogar como amador. Um grande esforço está sendo feito para manter Tourinho como amador, apesar de há muito ele, que já tem 26 anos e um filho, sonhar com o profissionalismo.
Restaram quatro vagas que, acreditava-se, seriam dadas prioritariamente a jogadores que disputam o circuito mundial e, com isso, são os únicos com chances de jogar pelo Brasil nos Jogos do Rio 2016. Mas não foi o que aconteceu. Além de Mechereffe, os dois novos brasileiros membros do PGA Tour Latinoamérica – Rogério Bernardo, que inclusive venceu a seletiva da Argentina, e Rodrigo Lee – também não foram convidados e perdem esta grande chance de entrar para o ranking mundial com um Top 14 no Brasil. O PGA Tour LA, onde jogarão, é circuito de acesso ao Web.com Tour, do qual o Brasil Champions faz parte.
Quem joga – Dos quatro convites restantes, apenas três foram para jogadores que estão no ranking mundial e podem jogar em algum circuito que dá pontos para esse ranking. O primeiro é Alexandre Rocha, que tem cartão condicional para o Web.com Tour, mas não conseguiu vaga em nenhum dos três primeiros torneios da temporada e provavelmente nem para o Brasil, quando as inscrições se encerrarem na próxima sexta-feira. Rocha, agora, depende de um bom resultado no Brasil para jogar no restante da temporada. Os outro dois são Lucas Lee, que joga no PGA Tour China; e Rafa Becker, campeão do Aberto do Brasil, que joga no PGA Tour LA, ambos circuitos da terceira divisão do PGA Tour.
A vaga derradeira foi para Daniel Stpaff, o número 1 do ranking profissional brasileiro, que não tem cartão para nenhum circuito internacional. Barcellos, o número 2 do ranking nacional, entrou com convite do São Paulo GC; e Ronaldo Francisco, o número 3, foi preterido na escolha. Ronaldo, ao lado de Barcellos, foi o principal responsável pela montagem da atual estrutura profissional do ranking brasileiro e, nos últimos seis anos, esteve sempre entre os Top 3 do ranking nacional, quatro deles como nº 1.
Critérios – Ao que tudo indica, os critérios de convocação para as cinco vagas foram: 1) o ranking mundial, com duas vagas pela ordem de classificação (Adilson da Silva, o primeiro, não quis jogar, entrando Lucas, o segundo, e Rocha, o quarto; 2) o líder do ranking profissional brasileiro (Stapff); 3) e os dois campeões brasileiros (Becker, campeão profissional, que também é terceiro do ranking mundial; e Tourinho, o campeão amador).
Até a próxima sexta-feira, 6 de março, quando se encerram oficialmente as inscrições para o Brasil Champions, alguma coisa ainda pode mudar e convites até mudar de mãos. Existe a possibilidade remota de Rocha entrar direto na chave, o que abriria mais uma vaga para o Brasil. No torneio da Colômbia da próxima semana Rocha permanece como oitavo reserva nesta segunda-feira.
Viés de baixa – Em 2012, o Brasil tinha um jogador no PGA Tour (Rocha), um no Web.com Tour (Mechereffe) e seis no PGA Tour LA. Este ano o Brasil não tem nenhum jogador no PGA Tour, nenhum com cartão integral para Web.com Tour e apenas três no PGA Tour LA (Becker, Rogério e Rodrigo), sendo que Rodrigo não tem patrocinador a pretende jogar apenas um terço da temporada.
O Brasil Champions, apresentado pelo HSBC, é organizado pela Confederação Brasileira de Golfe e promovido pela IMX.
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