14/06/2015
texto e foto: Ricardo Fonseca
Em apenas duas semanas, o profissional paulista Lucas Lee ganhou 354 posições no ranking mundial de golfe para colocar seu nome pela primeira vez na lista dos 60 jogadores que estariam classificados para disputar os Jogos do Rio 2016 se a competição fosse hoje. Agora, ao invés de depender de uma vaga reservada
ao país sede, o Brasil tem dois jogadores relacionados por mérito próprio – Lucas e o gaúcho Adilson da Silva – para a volta do golfe ao programa olímpico, 112 anos após sua última apresentação.
Lucas entrou na lista com o recorde de dois vice-campeonatos seguidos no Web.com Tour, o circuito de acesso ao PGA Tour, onde ganhou o direito de jogar por méritos próprios, depois de conquistar seu cartão, ainda que condicional, nas seletivas para a atual temporada. O primeiro vice-campeonato de Lucas foi no Dallas Open, há duas semanas, quando ficou empatado em segundo, a duas tacadas do ganhador. O segundo vice-campeonato neste domingo, no Rust-Oleum Championship, no Ohio, onde jogou 63 e 65, 14 abaixo apenas no final de semana e chegou a liderar a volta final, antes de fazer um duplo bogey no 14, um par 5, e perder o título por uma tacada.
Recorde – Os dois vice-campeonatos seguidos de Lucas já são o melhor resultado da história de um brasileiro no Web.com Tour. Lucas, que começou o ano na 645ª colocação do ranking mundial de golfe saltou para o 462º lugar com o vice-campeonato em Dallas e agora para a 316ª colocação, com o vice no Ohio. Ele está agora apenas seis posições atrás de Adilson da Silva, que joga nos circuitos da Ásia e África do Sul, mas não atuou nas últimas três semanas.
Pelos critérios olímpicos, que classificarão, com base no ranking de 15 de julho de 2016, os 15 primeiros do ranking mundial, como limite de quatro jogadores por país, e o número necessário para completar 60, seguindo a ordem do ranking, agora com limite de dois por país, Adilson da Silva seria o 59º na lista desta semana, com Lucas Lee no 60º lugar. Adilson, que oscilou entre os 55º e o 60º lugar esteve em cada lista desde que a corrida olímpica começou em julho de 2014 (só valerão os pontos dos dois últimos anos corridos), enquanto Lucas entra pela primeira vez.
17 birdies – O duplo bogey que acabou com as chances de Lucas se tornar o primeiro brasileiro a vencer no Web.com Tour foram um erro raro em seu percurso, depois que bateu o drive para o meio do mato, não saiu do rough com a segunda, voltou para a beira da raia com a terceira, entrou com a quarta no green e deu três putts. Mas ele fez 17 birdies apenas no final de semana, incluindo o 63 (-8), sem bogeys, que foi a segunda melhor volta de sábado (o coreano Si Woo Kim jogou 62), e o 65, que foi a melhor volta de domingo (junto com mais dois).
Lucas foi ganhando posições a cada dia. Estreou com 71 tacadas, o par do campo, perto da linha de corte, reagiu com um 68 no segundo dia, uma rodada tumultuada e interrompida pela chuva, para subir par 35º, antes de o 63 o colocar em sétimo lugar para a volta final. Domingo, na primeira metade do campo, Lucas perdeu distância para o líder ao jogar duas abaixo de ida, com um bogey, enquanto, o americano
Shane Bertsch, que começou o dia em primeiro para ser campeão, jogava quatro abaixo nesses nove buracos.
Reação – O brasileiro reagiu com quatro birdies seguidos (10 ao 13) para chegar a 17 abaixo e empatar na liderança, até que Bertsch, quatro grupos atrás, fizesse birdie no 13 e chegasse aos 18 abaixo com que venceu o torneio, sem um bogey nos últimos 28 buracos, com 266 (67-65-68-66) tacadas, contra 265 (71-68-63-65) de Lucas, que fez birdies no 17 e no 18 para se recuperar do duplo bogey e se isolar dos americanos Patton Kizzire (70-63-68-67) e Michael Kim (68-66-66-68), que empataram em terceiro com 268 (-16). Bertsch,, de 45 anos, já havia vencido no Web.com em 2000 e 2005. O jogo parou por mais de duas horas e meia quando todos estavam terminando, o líder do green do 14.
Lucas ganhou US$ 64,8 mil, o maior prêmio de sua carreira (foram US$ 44 mil ao dividir o segundo lugar na semana passada), o que o fez subir 26 posições para chegar a 16º do ranking com US$ 120,3 mil ganhos em apenas cinco torneios, dois quais só falhou um corte (foi ainda 69ª no Brasil Champions, no São Paulo, e 16º no BMW, o torneio que de fato lhe garantiu o direito de jogar o restante da temporada).
PGA Tour – Com os 25 primeiros do ranking no final da temporada regular, em agosto, ganham cartão para o PGA Tour de 2016, ficar nesse grupo é agora o maior objetivo de Lucas – a classificação para os Jogos Olímpicos é consequência disso. Caso consiga o cartão, aí sim, terá o PGA Tour, que distribui muito mais pontos, dinheiro e prestígio, para pensar no Rio 2016. De qualquer forma, restando 10 torneios para o final da temporada, Lucas está praticamente garantido entre os 75 primeiros que jogam os quatro torneios dos Finals, em setembro, contra 75 jogadores que perderam o cartão do PGA Tour, onde estarão em disputa mais 25 cartões para o circuito principal.
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